quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Eu faz


Na contagem regressiva em Santa Teresa, Rio de Janeiro, 29.dez.10.

"- Quando eu faz chá eu faz chá, como dizia a velha mãe Grogan. E quando eu faz água eu faz água".

(Enfim, ei-lo!! "Ulisses" de James Joyce; tradução Bernardina da Silveira Pinheiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 37) 

Eu faz


Na contagem regressiva em Santa Teresa, Rio de Janeiro, 29.dez.10.

"- Quando eu faz chá eu faz chá, como dizia a velha mãe Grogan. E quando eu faz água eu faz água".

(Enfim, ei-lo!! "Ulisses" de James Joyce; tradução Bernardina da Silveira Pinheiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 37) 

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

La perte

"A Rose" por Nefertiti Smenkare, Canadá, 2010.

"IX.
Rose, toute ardente et pourtant claire,
que l'on devrait nommer reliquaire
de Sainte-Rose..., rose qui distribue
cette troublante odeur de sainte nue.

Rose plus jamais tentée, déconcertante
de son interne paix; ultime amante
si loin d'Ève, de sa première alerte -,
rose qui infiniment possède la perte".

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"IX.
Rosa, toda ardente e clara todavia,
que deveria se chamar relicário
de Santa-Rosa..., rosa que irradia
esse cheiro perturbador de santa nua.

Rosa nunca mais tentada, desconcertante
por sua paz interna; derradeira amante
tão longe de Eva, de seu  primeiro alerta -
Rosa que contém a queda infinitamente".

("As Rosas", Rainer Maria Rilke, 3ª ed., tradução de Janice Caiafa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 34/35)

La perte

"A Rose" por Nefertiti Smenkare, Canadá, 2010.

"IX.
Rose, toute ardente et pourtant claire,
que l'on devrait nommer reliquaire
de Sainte-Rose..., rose qui distribue
cette troublante odeur de sainte nue.

Rose plus jamais tentée, déconcertante
de son interne paix; ultime amante
si loin d'Ève, de sa première alerte -,
rose qui infiniment possède la perte".

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"IX.
Rosa, toda ardente e clara todavia,
que deveria se chamar relicário
de Santa-Rosa..., rosa que irradia
esse cheiro perturbador de santa nua.

Rosa nunca mais tentada, desconcertante
por sua paz interna; derradeira amante
tão longe de Eva, de seu  primeiro alerta -
Rosa que contém a queda infinitamente".

("As Rosas", Rainer Maria Rilke, 3ª ed., tradução de Janice Caiafa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007, p. 34/35)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Bom velhinho

Sigmund Freud, 1856-1939.
.
O meu bom velhinho nao dá nada... mas ensina a nadar.
Melhor assim.

Um Natal de muita luz a todos os queridos leitores deste blog!

Bom velhinho

Sigmund Freud, 1856-1939.
.
O meu bom velhinho nao dá nada... mas ensina a nadar.
Melhor assim.

Um Natal de muita luz a todos os queridos leitores deste blog!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fim


Igreja do Bonfim por Isabela Dantas, Salvador, Bahia. Verão/2010.

E um Bonfim. 

Fim


Igreja do Bonfim por Isabela Dantas, Salvador, Bahia. Verão/2010.

E um Bonfim. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Passo

Dancer at Work por Olivia Bell, Reino Unido, 2010.

E, de repente, um bom passo.

Passo

Dancer at Work por Olivia Bell, Reino Unido, 2010.

E, de repente, um bom passo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sobre o Dever

"Na porta" em 14.dez.08. 

"Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde".

(Trecho de "Trocando em miúdos", de Chico Buarque e Francis Hime)

Sobre o Dever

"Na porta" em 14.dez.08. 

"Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde".

(Trecho de "Trocando em miúdos", de Chico Buarque e Francis Hime)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre a Lei

Instantâneo de feliz-cidade registrado por Márcia Foletto (O Globo), em 28.nov.10,
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.

Esperança.

Sobre a Lei

Instantâneo de feliz-cidade registrado por Márcia Foletto (O Globo), em 28.nov.10,
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.

Esperança.

domingo, 28 de novembro de 2010

Sobre o furo


(Al Pacino e Gabrielle Anwar em "Perfume de Mulher", de Martin Brest, Estados Unidos, 1992) 

O que resta.

Sobre o furo


(Al Pacino e Gabrielle Anwar em "Perfume de Mulher", de Martin Brest, Estados Unidos, 1992) 

O que resta.

sábado, 27 de novembro de 2010

Sobre a merda

Ilustração de Millôr Fernandes.

"E como estavam ali há tanto tempo juntos, aqueles quatro moços e o professor, um pouco mais velho, este propôs-lhes uma lição, um teste filosófico: "Meus amigos, companheiros, meus, por assim dizer, discípulos. Estamos aqui, neste aposento praticamente vazio.

Pois bem, digamos que cada um de vocês tivesse que encher esse espaço. Qual seria a maneira mais rápida e mais útil de encher este quarto? Responda você primeiro, José". E José, o mais velho dos moços, respondeu: "Eu encheria de palha. Seria uma maneira muito rápida de encher o quarto, porque a palha é leve e fácil de transportar e extremamente útil, pois com ela se poderiam tecer cestas e sobre elas se poderia descansar melhor.

O professor esclareceu: "Você deu resposta brilhante, rápida e válida, e parece que quem errou fui eu. Embora a palha seja realmente uma coisa extremamente útil, eu preferia que a sugestão ficasse clara: é encher o quarto compacta, totalmente. Você agora, Mário". Mário, o mais magro de todos respondeu: "Eu encheria tudo de areia. Também é fácil de transportar e o quarto ficaria cheio. Poderíamos deitar sobre a areia, uma vez seca, ou usá-la como defesa, nos olhos de alguém que nos atacasse". "Muito bem", aceitou o professor mais velho. "Mas não haverá idéia que resolva melhor a proposta do teste, Eusebio? Eusebio, o barbado, que já tinha tido tempo de pensar, disse: "Acho que sim. Eu encheria o aposento com água. Aí ele estaria cheio, completamente mesmo, não se poderia encher o quarto mais rapidamente, pois bastaria deixar a bica do banheiro aberta algum tempo. Além disso, todos sabem, existe coisa mais útil que a água?" "Você ganhou, realmente, na rapidez e na utilidade, Eusebio ", disse o professor, "Mas se esqueceu de um ponto negativo - morreríamos todos afogados. Que diz você, Ivan? E Ivan, o mais dotado de todos, respondeu docemente: "Da maneira mais simples, mais rápida, da única maneira verdadeiramente útil porque se poderia aproveitar o espaço". Dirigiu-se até a parede, girou o comutador e o aposento encheu-se de luz. "Admirável! Correto! Perfeito!" disse o professor. "Realmente ninguém pode viver sem luz, a luz é que alimenta o mundo, a luz é que torna possível a saúde e a reprodução da espécie. Sem falar na simbologia, pois a luz representa o que há de mais..." Porém, antes que ele acabasse de falar, a polícia que estava vigiando o edifício há vários dias, vendo que havia luz na janela, invadiu o 'aparelho' e prendeu todo mundo.

MORAL: QUEM ESTÁ NA MERDA NÃO FILOSOFA.
SUBMORAL: DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ. E DA LUZ?"

(Millôr Fernandes, "Os Perigos da Filosofia", em Fábulas Fabulosas, publicada no site Millôr Online.)

Sobre a merda

Ilustração de Millôr Fernandes.

"E como estavam ali há tanto tempo juntos, aqueles quatro moços e o professor, um pouco mais velho, este propôs-lhes uma lição, um teste filosófico: "Meus amigos, companheiros, meus, por assim dizer, discípulos. Estamos aqui, neste aposento praticamente vazio.

Pois bem, digamos que cada um de vocês tivesse que encher esse espaço. Qual seria a maneira mais rápida e mais útil de encher este quarto? Responda você primeiro, José". E José, o mais velho dos moços, respondeu: "Eu encheria de palha. Seria uma maneira muito rápida de encher o quarto, porque a palha é leve e fácil de transportar e extremamente útil, pois com ela se poderiam tecer cestas e sobre elas se poderia descansar melhor.

O professor esclareceu: "Você deu resposta brilhante, rápida e válida, e parece que quem errou fui eu. Embora a palha seja realmente uma coisa extremamente útil, eu preferia que a sugestão ficasse clara: é encher o quarto compacta, totalmente. Você agora, Mário". Mário, o mais magro de todos respondeu: "Eu encheria tudo de areia. Também é fácil de transportar e o quarto ficaria cheio. Poderíamos deitar sobre a areia, uma vez seca, ou usá-la como defesa, nos olhos de alguém que nos atacasse". "Muito bem", aceitou o professor mais velho. "Mas não haverá idéia que resolva melhor a proposta do teste, Eusebio? Eusebio, o barbado, que já tinha tido tempo de pensar, disse: "Acho que sim. Eu encheria o aposento com água. Aí ele estaria cheio, completamente mesmo, não se poderia encher o quarto mais rapidamente, pois bastaria deixar a bica do banheiro aberta algum tempo. Além disso, todos sabem, existe coisa mais útil que a água?" "Você ganhou, realmente, na rapidez e na utilidade, Eusebio ", disse o professor, "Mas se esqueceu de um ponto negativo - morreríamos todos afogados. Que diz você, Ivan? E Ivan, o mais dotado de todos, respondeu docemente: "Da maneira mais simples, mais rápida, da única maneira verdadeiramente útil porque se poderia aproveitar o espaço". Dirigiu-se até a parede, girou o comutador e o aposento encheu-se de luz. "Admirável! Correto! Perfeito!" disse o professor. "Realmente ninguém pode viver sem luz, a luz é que alimenta o mundo, a luz é que torna possível a saúde e a reprodução da espécie. Sem falar na simbologia, pois a luz representa o que há de mais..." Porém, antes que ele acabasse de falar, a polícia que estava vigiando o edifício há vários dias, vendo que havia luz na janela, invadiu o 'aparelho' e prendeu todo mundo.

MORAL: QUEM ESTÁ NA MERDA NÃO FILOSOFA.
SUBMORAL: DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ. E DA LUZ?"

(Millôr Fernandes, "Os Perigos da Filosofia", em Fábulas Fabulosas, publicada no site Millôr Online.)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bom dia, Meia Hora que ainda não perdeu o senso de humor!


Operação golpe baixo? TAMBÉM apóio!

Bom dia, Meia Hora que ainda não perdeu o senso de humor!


Operação golpe baixo? TAMBÉM apóio!

Você me assa e eu te aço, combinado?!

Morador protegendo sua filha durante tiroteio em operação da Polícia Militar na Vila Cruzeiro, em 2008. Foto: Domingos Peixoto.
Prezado CV,

Agraceço a sua atenção, mas aproveito para informar que, em tempos de guerra,


Atenciosamente,
Moradora

Você me assa e eu te aço, combinado?!

Morador protegendo sua filha durante tiroteio em operação da Polícia Militar na Vila Cruzeiro, em 2008. Foto: Domingos Peixoto.
Prezado CV,

Agraceço a sua atenção, mas aproveito para informar que, em tempos de guerra,


Atenciosamente,
Moradora

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Attraversiamo

José Mariano Beltrame, nascido no dia 13.maio.57, em uma família de origem italiana, no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Foto: AE/André Dusek.


Isso é o que podemos chamar de repressão: é a lei em ação contra o tráfico, em operação contra o terror, fundada no desejo, na falta, na renúncia de poder e gozo de um sobre o outro, na aceitação da derrota - de saída - da maioria, fodida e civilizada, que não poderá, jamais, alcançar o supremo e esmagador poder do pai mítico, perverso e tirânico, como pretendem os bárbaros de nosso tempo, que incendeiam, saqueiam e matam em nome desse grande "império" de merda que - não de hoje - vem vilipendiando e ultrajando a nossa sociedade. Intolerável. "Quem atrapalhar o planejamento será atropelado", disse Beltrame. Bravo! Bravíssimo!

E tudo isso com o sotaque irresistível daquele Rio que não é o Rio, do Rio que é um outro, do Rio que também corre, correnteza, e que é Grande. Rios que se encontram, de janeiro à janeiro, que se cruzam, e seguem. Sim, attraversiamo.

Attraversiamo

José Mariano Beltrame, nascido no dia 13.maio.57, em uma família de origem italiana, no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Foto: AE/André Dusek.


Isso é o que podemos chamar de repressão: é a lei em ação contra o tráfico, em operação contra o terror, fundada no desejo, na falta, na renúncia de poder e gozo de um sobre o outro, na aceitação da derrota - de saída - da maioria, fodida e civilizada, que não poderá, jamais, alcançar o supremo e esmagador poder do pai mítico, perverso e tirânico, como pretendem os bárbaros de nosso tempo, que incendeiam, saqueiam e matam em nome desse grande "império" de merda que - não de hoje - vem vilipendiando e ultrajando a nossa sociedade. Intolerável. "Quem atrapalhar o planejamento será atropelado", disse Beltrame. Bravo! Bravíssimo!

E tudo isso com o sotaque irresistível daquele Rio que não é o Rio, do Rio que é um outro, do Rio que também corre, correnteza, e que é Grande. Rios que se encontram, de janeiro à janeiro, que se cruzam, e seguem. Sim, attraversiamo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nova senha

Walking por Stefano S., Itália, 2006.

"Esta senha já foi utilizada recentemente".
Nova senha. "Tentaroutracoisa".

Nova senha

Walking por Stefano S., Itália, 2006.

"Esta senha já foi utilizada recentemente".
Nova senha. "Tentaroutracoisa".

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Senha

I hear your voice por Emma, Romênia, 2010.

"Sua senha vence em 13 dias. Deseja alterar?"
Desejo. "Saudade".

Senha

I hear your voice por Emma, Romênia, 2010.

"Sua senha vence em 13 dias. Deseja alterar?"
Desejo. "Saudade".

sábado, 20 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Costas

Fotografia de Pedro Rios. Palestra-colóquio em Lisboa, 2006.
Encantada com a leitura do Atlas de Borges e sua Kodama - tida pelos leitores mais ciumentos de Borges como a "Yoko Ono da Argentina" -, pesquisando um pouco mais sobre a concepção desse livro, acabei descobrindo uma pérola. Em uma palestra-colóquio promovida em Lisboa no ano de 2006, José Saramago participou ao lado de María Kodama - viúva de Jorge Luis Borges -, e, convidado a entrevistá-la, em meio a questões sérias e pertinentes, sem muito tempo a perder, logo chegou ao ponto que realmente interessava:

'Como é que Borges dizia que te queria? Explica-nos, explica-nos!'
(...) Kodama ria-se ao início e depois já estava às gargalhadas 'Que palavras utilizava para dizer que te queria…', continuava o autor português. 'Isso é importantíssimo. Posso não ser um bom escritor, mas a fazer perguntas sou um génio!', brincou o Nobel, que assim pôs a sala inteira a rir à gargalhada.

Fotografia do acervo pessoal de María Kodama publicada no jornal El País.
María e Jorge usavam vários nomes, a maior parte ligados à literatura. 'Um desses nomes era tirado de um conto que ele me tinha dedicado em segredo e que se chama Ulrica (in O Livro da Areia). Quis gravá-lo no túmulo em Genebra e em lugar de María Kodama e de Borges coloquei o epitáfio ‘De Ulrica a Javier Otárola’, porque eram nomes muito especiais para nós. Ulrica vinha também um pouco da Elegia de Marienbad, de Goethe, que ele me recitava em alemão. Ulrike von Levetzow era o nome da jovem amante de Goethe e quando ele fazia amor com ela contava as sílabas nas suas costas, acariciando-as com a mão. Bem, já está dito'. E María Kodama e José Saramago prosseguiram com outro assunto antes que a conversa ficasse mais complicada".

(Trecho da matéria "Kodama entre o gênio de Borges e as perguntas geniais de Saramago", por Isabel Coutinho, publicada no blog Ciberescritas, em 21.jun.10)

E assim, acho que acabei encontrando a resposta mais bonita para a questão. "Que Atlas é esse, afinal?" Tenho para mim que é um mapa desenhado por mãos que, às cegas, vão deslizando por riosmorros e costas até chegarem ao literal.


Costas

Fotografia de Pedro Rios. Palestra-colóquio em Lisboa, 2006.
Encantada com a leitura do Atlas de Borges e sua Kodama - tida pelos leitores mais ciumentos de Borges como a "Yoko Ono da Argentina" -, pesquisando um pouco mais sobre a concepção desse livro, acabei descobrindo uma pérola. Em uma palestra-colóquio promovida em Lisboa no ano de 2006, José Saramago participou ao lado de María Kodama - viúva de Jorge Luis Borges -, e, convidado a entrevistá-la, em meio a questões sérias e pertinentes, sem muito tempo a perder, logo chegou ao ponto que realmente interessava:

'Como é que Borges dizia que te queria? Explica-nos, explica-nos!'
(...) Kodama ria-se ao início e depois já estava às gargalhadas 'Que palavras utilizava para dizer que te queria…', continuava o autor português. 'Isso é importantíssimo. Posso não ser um bom escritor, mas a fazer perguntas sou um génio!', brincou o Nobel, que assim pôs a sala inteira a rir à gargalhada.

Fotografia do acervo pessoal de María Kodama publicada no jornal El País.
María e Jorge usavam vários nomes, a maior parte ligados à literatura. 'Um desses nomes era tirado de um conto que ele me tinha dedicado em segredo e que se chama Ulrica (in O Livro da Areia). Quis gravá-lo no túmulo em Genebra e em lugar de María Kodama e de Borges coloquei o epitáfio ‘De Ulrica a Javier Otárola’, porque eram nomes muito especiais para nós. Ulrica vinha também um pouco da Elegia de Marienbad, de Goethe, que ele me recitava em alemão. Ulrike von Levetzow era o nome da jovem amante de Goethe e quando ele fazia amor com ela contava as sílabas nas suas costas, acariciando-as com a mão. Bem, já está dito'. E María Kodama e José Saramago prosseguiram com outro assunto antes que a conversa ficasse mais complicada".

(Trecho da matéria "Kodama entre o gênio de Borges e as perguntas geniais de Saramago", por Isabel Coutinho, publicada no blog Ciberescritas, em 21.jun.10)

E assim, acho que acabei encontrando a resposta mais bonita para a questão. "Que Atlas é esse, afinal?" Tenho para mim que é um mapa desenhado por mãos que, às cegas, vão deslizando por riosmorros e costas até chegarem ao literal.


terça-feira, 16 de novembro de 2010