sexta-feira, 27 de junho de 2008

Piadinha Interna

(Clique na foto e leia a placa)

A minha amiga Renatinha é tão engraçadinha...

:)

Piadinha Interna

(Clique na foto e leia a placa)

A minha amiga Renatinha é tão engraçadinha...

:)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Antes do Lusco-Fusco

Lusco-fusco: 1. Momento de transição entre o dia e a noite. 2. Crepúsculo vespertino ou matutino. 3. Meia claridade, disfarce, dissimulação, indivíduo mulato. 4. Derivação de dois adjetivos latinos [luscus = que vê só de um olho, vesgo, que enxerga mal; e fuscus = fosco, escuro, pardo, gado de cor esfumaçada].

As transições, de um modo geral, são complicadas...

Certa vez, ouvi de uma queridíssima amiga que "não há como se manter lúcido o tempo todo sem endurecer o coração".

Seria essa uma escolha, uma predição, ou um alento?
Afinal, há como se manter lúcido o tempo todo?
[Ficando acordada talvez sim...]

Insônia é uma merda.

Antes do Lusco-Fusco

Lusco-fusco: 1. Momento de transição entre o dia e a noite. 2. Crepúsculo vespertino ou matutino. 3. Meia claridade, disfarce, dissimulação, indivíduo mulato. 4. Derivação de dois adjetivos latinos [luscus = que vê só de um olho, vesgo, que enxerga mal; e fuscus = fosco, escuro, pardo, gado de cor esfumaçada].

As transições, de um modo geral, são complicadas...

Certa vez, ouvi de uma queridíssima amiga que "não há como se manter lúcido o tempo todo sem endurecer o coração".

Seria essa uma escolha, uma predição, ou um alento?
Afinal, há como se manter lúcido o tempo todo?
[Ficando acordada talvez sim...]

Insônia é uma merda.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cada Um No Seu Quadrado

“Festa estranha com gente esquisita”. Essa era a promessa para aquele sábado à noite.

Depois do e-mail avisando que a festinha aconteceria naquela semana, ninguém mais sossegou. Não se falava em outra coisa.

Já tinha ido à edição anterior do evento e, desde então, não conseguia esquecer a batida mais cosmopolita do planeta (já ouviu falar em Eletro-salsa, Bhangra, Flamenco Rap, Latin Soul, Balkan Beat?), os filminhos de sacanagem mais kitschs da história dos filminhos de sacanagem, e os freqüentadores mais alternativos do universo alternativo de Santa Teresa.

Avisei a todos os navegantes do meu mail list que o segredo para a curtição do evento era o total desapego a regras, convenções, valores estéticos e conceitos musicais muito rígidos... Ou seja: “era noite para dar risada”!

De todos os convidados, habilitaram-se a ir comigo apenas o primo do Zagril (um gato, diga-se de passagem) e meu amigo solteiro-muito-à-contragosto de boina preta e charutão estilo “Guevara”, totalmente no clima do evento.

Coloquei “Tchury-Móvel” para rodar e lá fomos nós, Santa acima.

Na porta do casarão, aquela figura que poderia se chamar de hostess informou que não havia troco para a minha nota de 50, e que só poderia pagar a diferença quando tivesse o dinheiro em caixa. Diante do meu semblante totalmente inexpressivo, a curiosa personagem da portaria perguntou rapidamente, já com as pulseirinhas na mão:
- E aí, vão querer entrar assim mesmo?

“Pergunta estraaaanha” – pensamos ao mesmo tempo –, mas como o plano era nos divertirmos a qualquer custo numa festa pouco convencional, nem pensamos duas vezes:
- Lóóógico.

Na escadaria da casa percebemos que quanto mais subíamos, mais degraus brotavam do chão – e olha que ainda nem tínhamos começado a beber. Começamos a imaginar que a escalada não terminaria nunca, quando então, já quase chegando ao Pico da Neblina, começamos a ouvir, ao longe, o som que vinha da pista. E logo descobrimos que era APENAS o som que vinha da pista, nada mais: nenhuma conversa, nenhum burburinho, nenhum ser vivo habitando aquele local.

No convite havia a informação de que o evento começaria às 22h, mas ao chegarmos no limite da nossa resistência física para subir degraus no escuro fomos surpreendidos com a bizarra constatação de que estávamos, de fato, abrindo a festa... à meia noite.

O comentário foi inevitável:
- Caralho, não tem ninguém nessa porra!
- Calma. Tá cedo...
- Cedo é o cacete! Não vem ninguém!!!
- AHAHAHAHAHA...
- E você, ta rindo do quê aí?!
- De nervoso, acho.
- Bom, agora não tem que o fazer. Já escalamos isso tudo mesmo, o convite tá pago, temos que esperar o troco...
- E viemos aqui para dar risada...
- Entãããão...
- Vamos BEBER.

E lá foram para o bar os guerreiros da furada, que, obviamente, não desistiriam assim tão fácil daquele audacioso projeto de sábado à noite.

Enquanto o som esquisito rolava na pista vazia, o bar era só nosso.

O primo do Zagralho (gatinho ele) se aproximou daquilo que poderia se chamar de “caixa” e falou com a senhora de idade que ali se acomodava em seu vestidinho preto, muito curto e apertado:
- Oi. Você me vê uma caipirinha, por favor?

E como se estivesse diante de uma turma do jardim de infância, a extravagante senhora desembestou a falar pau-sa-da-men-te:
- Boa noite... Sim, claro... São sete reais... Aí você me paga, e eu te dou uma fichinha... Com essa fichinha que eu vou te dar, você se dirige ao outro balcão e fala com o rapaz que vai te atender ali... Entrega a fichinha e fala para ele o que você quer... Já está escrito na sua fichinha que é caipirinha, mas é importante que você explique como vai querer a sua caipirinha, porque, afinal, ela poderá ser feita com cachaça, vodka, e uma grande variedade de frutas... Então, não esqueça: você deve levar a fichinha para aquele rapaz e...

Antes que ela continuasse a explanação, o primo gato do Zagrilo, com pressa para começar os trabalhos, se antecipou:
- Tá ótimo. Agora, dá o meu troco, por favor!

E lá fomos nós para o final daquele mesmo balcão – imaginando como seria enfrentar aquela fila daqui a duas horas, caso outras pessoas resolvessem vir à festa – falar com o rapaz que já tinha ouvido toda a ladainha da senil colega, e, não sei se por compaixão ou mero bom senso, se limitou a perguntar:
- Cachaça?
- Claaaro.

Assim, munidos de copos calibradíssimos e na ausência de coisa melhor para se fazer – por ora –, como verdadeiras crianças hiperativas e desocupadas, partimos para “desbravar” o local e descobrir todas as curiosidades daquele casarão semi-abandonado.

[Muitos impulsos libidinais em jogo, essa é a grande verdade]

De repente, não mais que de repente, olhamos pela sacada da varanda e observamos a chegada de algumas pessoas no portão da casa. Por um momento, pensei em gritar “FUJAM, FUJAM ENQUANTO É TEMPO”, mas quando me lembrei do troco que ainda não tinha recebido, achei por bem deixar a galera entrar sem maiores manifestações.

[Galera de três ou quatro, vamos deixar claro]

Nem preciso dizer que rapidamente me dirigi à entrada da casa para dar as boas vindas aos nossos novos companheiros de festinha fantasma... Até porque, era mesmo uma imensa alegria poder compartilhar com pessoas diferentes (daquelas que foram comigo) desse evento tão... VIP.
.
Um pouco ofegantes pela subida, chegaram à casa uma senhora de uns 50 anos, gordinha, com o cabelo na cintura e calça de bali; um cabeludo fortinho, com camisa regata, sandália de couro e calça de bali; e um bigodudo, de chapéu panamá, camisa de botão com a estampa de um belo negro nas costas e calça de bali.

Quanto a mim, nem pensei duas vezes:
- Boa noite, gente!
- Boa nooooite – responderam em coro, sorrindo.

E o cabeludo se virou para o meu amigo solteiro-desesperado, como se o conhecesse de longa data, e perguntou:
- E aí, viu a Renata?

No mais absoluto silêncio e amedrontado com o que ainda poderia estar por vir naquela noite, meu amigo limitou-se balançar a cabeça e sair caminhando lentamente em direção ao bar.

O estranho é que os nossos novos amigos estavam realmente super contentes! Não acharam nada demais chegarem àquela festa de três participantes, à uma e pouco da manhã, e serem recebidos por uma maluca sorridente, semi-bêbada, semi-confusa, totalmente free hugs e sem calça de bali (porém vestida, atenção).

Estranho? Que nada...
- Tá cedo – disse o gatinho do primo do Zagrogue
- Vamos beber mais.

No balcão do bar, nosso amigo solteiro-sem-previsão-de-bom-tempo não teve outra escolha senão se comunicar com excêntrica senhora do caixa para adquirir mais bebida alcoólica:
- Oi. Duas cervejas, por favor...
- ...E tem copo?

Nesse momento, a ex-professorinha de jardim de infância se transformou numa verdadeira vendedora de programa de telemarketing mandou de lá:
- Sim, claro. Temos vááários copos. É só escolher. Nesta embalagem aqui temos cem deles. Descartáveis.
- Noooossa – disse o amigo – Quero um desses.

E lá para as tantas – acreditem – o inesprado aconteceu: muitas pessoas começaram a chegar. Vans e mais vans aportavam a todo o momento na entrada do casarão, com caravanas das mais longínquas regiões do planeta, quiçá, de astros contíguos de nosso sistema solar.

O som na pista começou a melhorar consideravelmente – ou foi o álcool que subiu rápido? –, os filminhos de sacanagem começaram a rolar e eu, óbvio, quis assistir. O primo do Zagringo gato também – e ganha um doce quem adivinhar o por quê.

Já nosso amigo solteiro-por-ora sumiu em meio à fauna de turistas, jornalistas e malucos em geral que se formou no local.

Logo no início do primeiro filme, o título já dizia tudo: “Don’t Eat My Mother”.
- Muito justo – pensei comigo.

Filminho rodado na década de 60. Várias gordinhas peladas e seus penteados com rolinhos e laquê correndo de um lado para o outro da tela. Sensacional... Mas sacanagem mesmo, que é bom, quase nada.

Segundo filme: “The Pig Keeper’s Daughter”. Não sei se por causa do álcool, da música, ou da marola produzida pelos demais freqüentadores do evento, não consigo me lembrar de muita coisa além daquela atriz loira de peitões de fora, calçolão gigantesco, deitada por cima de um cara com calça boca de sino – esse deve ser dos anos 70 – fazendo caras e bocas quando, do nada, fecharam um close no ombro do rapaz, que começou a ser freneticamente arranhado pela mocinha excitada de mentirinha. Nesse momento, veio o take antológico do filme, com a seqüência do braço do moço despencando do sofá, não deixando dúvidas: "Sim, ELE desmaiou de tesão". E EU morri de rir. Uma obra prima.

Entre um gole e outro daquela cerveja salgada – que alguém disse que deveria ser por causa do sal colocado no gelo para “conservar” a temperatura, mas que depois de já ter bebido tanto não tive coragem de perguntar –, percebi uma criatura venusiana cheia de conversa mole para o lado do primo gato do Zagrado. De repente, quando apareceu no telão a palavra “Marijuana” em letras garrafais – que eu já não sei mais se era um capítulo do filme anterior, ou se já era um terceiro ou quarto filme que começava – ela gritou de lá para mim:
- Ei, tira aqui uma foto.
- Como é que é???
- É tira aqui uma foto nossa aqui.
- “Nossa” “QUEM”, minha filha???

Sentindo que ia começar a apanhar em menos de dez segundos, a habitante do nosso planeta vizinho tentou consertar:
- De todos nós, amigaaa! Nós e aquela imagem da “marijuana”! A propósito, não tem um aí pra gente não?
- Amiga é o cacete, filhona! Não tá achando que pra uma criatura do teu tamanho tá querendo demais não? Tá querendo fotinho, tá querendo ondinha, tá querendo gatinho... Some daqui, fia! Volta pro ralo, volta! – se ela assistiu o “Cheiro do Ralo”, entendeu o recado. Se não assistiu, entendeu do mesmo jeito.

[Um segundo depois já estava eu lá com aquela nítida impressão de que fiz merda...]

O primo do gato Zagrindo começou a rir consideravelmente e eu saquei que a partir dali – e para todo o sempre – estaria completamente sem moral para fazer qualquer tipo de doce.

Entregue o ouro para o bandido, nada mais restava a fazer senão rezar para que ele não sapateasse muito no meu pobre coraçãozinho apaixonado – oh, como é cafona o amor.

[Depois dessa, podem zoar ao vivo. Eu mereço]

Nosso amigo solteiro-só-risos reapareceu em seguida muito bem acompanhado por uma argentina torcedora do River Plate, e eu nem preciso dizer que eles se apaixonaram, se casaram, foram felizes para sempre naquela noite e tiveram muitos filhotes que já nasceram gritando:
- ARRENTINA, ARRENTINA, ARRENTINA!

[Que horror. O álcool é foda...]

E a facção “viada” do evento começou a se manifestar.

[A-DO-RO]

Tinha de tudo: cigano de cabelos compridos desenvolvendo dança flamenca ao som de “Rock the Casbah” – The Clash, isso mesmo! – em ritmo caribenho, bibas alternativas de óculos aro preto tentando ser discretas diante dos enormes dinamarqueses assados pelo sol carioca, e outras mais audaciosas que não estavam nem aí para nada, para ninguém, e super dispostas a se divertir tanto ou mais do que a gente.

Nesse momento, enquanto os rapazes hétero começavam a sentir o drama e, conseqüentemente, considerar a idéia de partir dali urgentemente, entre uma beijoca e outra acabei me desequilibrando e descobrindo um desnível no piso da varanda - que parecia a ausência de uma lajota - com uns três ou quatro centímetros de profundidade.

[E você deve estar se perguntando qual a importância desse fato para a história. E eu vos digo]

Para um casal de bêbados, cuja mulher tem 1,77m de altura – ao nível do mar –, contra 1,73m do aguerrido alpinista, descoberta como essa tem grande importância não só para a história, como para todos os envolvidos:
- CADA UM NO SEU QUADRADO, BELA! CADA UM NO SEU QUADRADO!!!
- E bunda na parede "gato", porque em terra de “festa estranha com gente esquisita”, quem tem olho é cu!

E afinal, se vale aquela máxima de que "criança que começa rindo, acaba chorando"...
- Já nos divertimos bastante por um sábado à noite... Hora de ir para casa.

Cada Um No Seu Quadrado

“Festa estranha com gente esquisita”. Essa era a promessa para aquele sábado à noite.

Depois do e-mail avisando que a festinha aconteceria naquela semana, ninguém mais sossegou. Não se falava em outra coisa.

Já tinha ido à edição anterior do evento e, desde então, não conseguia esquecer a batida mais cosmopolita do planeta (já ouviu falar em Eletro-salsa, Bhangra, Flamenco Rap, Latin Soul, Balkan Beat?), os filminhos de sacanagem mais kitschs da história dos filminhos de sacanagem, e os freqüentadores mais alternativos do universo alternativo de Santa Teresa.

Avisei a todos os navegantes do meu mail list que o segredo para a curtição do evento era o total desapego a regras, convenções, valores estéticos e conceitos musicais muito rígidos... Ou seja: “era noite para dar risada”!

De todos os convidados, habilitaram-se a ir comigo apenas o primo do Zagril (um gato, diga-se de passagem) e meu amigo solteiro-muito-à-contragosto de boina preta e charutão estilo “Guevara”, totalmente no clima do evento.

Coloquei “Tchury-Móvel” para rodar e lá fomos nós, Santa acima.

Na porta do casarão, aquela figura que poderia se chamar de hostess informou que não havia troco para a minha nota de 50, e que só poderia pagar a diferença quando tivesse o dinheiro em caixa. Diante do meu semblante totalmente inexpressivo, a curiosa personagem da portaria perguntou rapidamente, já com as pulseirinhas na mão:
- E aí, vão querer entrar assim mesmo?

“Pergunta estraaaanha” – pensamos ao mesmo tempo –, mas como o plano era nos divertirmos a qualquer custo numa festa pouco convencional, nem pensamos duas vezes:
- Lóóógico.

Na escadaria da casa percebemos que quanto mais subíamos, mais degraus brotavam do chão – e olha que ainda nem tínhamos começado a beber. Começamos a imaginar que a escalada não terminaria nunca, quando então, já quase chegando ao Pico da Neblina, começamos a ouvir, ao longe, o som que vinha da pista. E logo descobrimos que era APENAS o som que vinha da pista, nada mais: nenhuma conversa, nenhum burburinho, nenhum ser vivo habitando aquele local.

No convite havia a informação de que o evento começaria às 22h, mas ao chegarmos no limite da nossa resistência física para subir degraus no escuro fomos surpreendidos com a bizarra constatação de que estávamos, de fato, abrindo a festa... à meia noite.

O comentário foi inevitável:
- Caralho, não tem ninguém nessa porra!
- Calma. Tá cedo...
- Cedo é o cacete! Não vem ninguém!!!
- AHAHAHAHAHA...
- E você, ta rindo do quê aí?!
- De nervoso, acho.
- Bom, agora não tem que o fazer. Já escalamos isso tudo mesmo, o convite tá pago, temos que esperar o troco...
- E viemos aqui para dar risada...
- Entãããão...
- Vamos BEBER.

E lá foram para o bar os guerreiros da furada, que, obviamente, não desistiriam assim tão fácil daquele audacioso projeto de sábado à noite.

Enquanto o som esquisito rolava na pista vazia, o bar era só nosso.

O primo do Zagralho (gatinho ele) se aproximou daquilo que poderia se chamar de “caixa” e falou com a senhora de idade que ali se acomodava em seu vestidinho preto, muito curto e apertado:
- Oi. Você me vê uma caipirinha, por favor?

E como se estivesse diante de uma turma do jardim de infância, a extravagante senhora desembestou a falar pau-sa-da-men-te:
- Boa noite... Sim, claro... São sete reais... Aí você me paga, e eu te dou uma fichinha... Com essa fichinha que eu vou te dar, você se dirige ao outro balcão e fala com o rapaz que vai te atender ali... Entrega a fichinha e fala para ele o que você quer... Já está escrito na sua fichinha que é caipirinha, mas é importante que você explique como vai querer a sua caipirinha, porque, afinal, ela poderá ser feita com cachaça, vodka, e uma grande variedade de frutas... Então, não esqueça: você deve levar a fichinha para aquele rapaz e...

Antes que ela continuasse a explanação, o primo gato do Zagrilo, com pressa para começar os trabalhos, se antecipou:
- Tá ótimo. Agora, dá o meu troco, por favor!

E lá fomos nós para o final daquele mesmo balcão – imaginando como seria enfrentar aquela fila daqui a duas horas, caso outras pessoas resolvessem vir à festa – falar com o rapaz que já tinha ouvido toda a ladainha da senil colega, e, não sei se por compaixão ou mero bom senso, se limitou a perguntar:
- Cachaça?
- Claaaro.

Assim, munidos de copos calibradíssimos e na ausência de coisa melhor para se fazer – por ora –, como verdadeiras crianças hiperativas e desocupadas, partimos para “desbravar” o local e descobrir todas as curiosidades daquele casarão semi-abandonado.

[Muitos impulsos libidinais em jogo, essa é a grande verdade]

De repente, não mais que de repente, olhamos pela sacada da varanda e observamos a chegada de algumas pessoas no portão da casa. Por um momento, pensei em gritar “FUJAM, FUJAM ENQUANTO É TEMPO”, mas quando me lembrei do troco que ainda não tinha recebido, achei por bem deixar a galera entrar sem maiores manifestações.

[Galera de três ou quatro, vamos deixar claro]

Nem preciso dizer que rapidamente me dirigi à entrada da casa para dar as boas vindas aos nossos novos companheiros de festinha fantasma... Até porque, era mesmo uma imensa alegria poder compartilhar com pessoas diferentes (daquelas que foram comigo) desse evento tão... VIP.
.
Um pouco ofegantes pela subida, chegaram à casa uma senhora de uns 50 anos, gordinha, com o cabelo na cintura e calça de bali; um cabeludo fortinho, com camisa regata, sandália de couro e calça de bali; e um bigodudo, de chapéu panamá, camisa de botão com a estampa de um belo negro nas costas e calça de bali.

Quanto a mim, nem pensei duas vezes:
- Boa noite, gente!
- Boa nooooite – responderam em coro, sorrindo.

E o cabeludo se virou para o meu amigo solteiro-desesperado, como se o conhecesse de longa data, e perguntou:
- E aí, viu a Renata?

No mais absoluto silêncio e amedrontado com o que ainda poderia estar por vir naquela noite, meu amigo limitou-se balançar a cabeça e sair caminhando lentamente em direção ao bar.

O estranho é que os nossos novos amigos estavam realmente super contentes! Não acharam nada demais chegarem àquela festa de três participantes, à uma e pouco da manhã, e serem recebidos por uma maluca sorridente, semi-bêbada, semi-confusa, totalmente free hugs e sem calça de bali (porém vestida, atenção).

Estranho? Que nada...
- Tá cedo – disse o gatinho do primo do Zagrogue
- Vamos beber mais.

No balcão do bar, nosso amigo solteiro-sem-previsão-de-bom-tempo não teve outra escolha senão se comunicar com excêntrica senhora do caixa para adquirir mais bebida alcoólica:
- Oi. Duas cervejas, por favor...
- ...E tem copo?

Nesse momento, a ex-professorinha de jardim de infância se transformou numa verdadeira vendedora de programa de telemarketing mandou de lá:
- Sim, claro. Temos vááários copos. É só escolher. Nesta embalagem aqui temos cem deles. Descartáveis.
- Noooossa – disse o amigo – Quero um desses.

E lá para as tantas – acreditem – o inesprado aconteceu: muitas pessoas começaram a chegar. Vans e mais vans aportavam a todo o momento na entrada do casarão, com caravanas das mais longínquas regiões do planeta, quiçá, de astros contíguos de nosso sistema solar.

O som na pista começou a melhorar consideravelmente – ou foi o álcool que subiu rápido? –, os filminhos de sacanagem começaram a rolar e eu, óbvio, quis assistir. O primo do Zagringo gato também – e ganha um doce quem adivinhar o por quê.

Já nosso amigo solteiro-por-ora sumiu em meio à fauna de turistas, jornalistas e malucos em geral que se formou no local.

Logo no início do primeiro filme, o título já dizia tudo: “Don’t Eat My Mother”.
- Muito justo – pensei comigo.

Filminho rodado na década de 60. Várias gordinhas peladas e seus penteados com rolinhos e laquê correndo de um lado para o outro da tela. Sensacional... Mas sacanagem mesmo, que é bom, quase nada.

Segundo filme: “The Pig Keeper’s Daughter”. Não sei se por causa do álcool, da música, ou da marola produzida pelos demais freqüentadores do evento, não consigo me lembrar de muita coisa além daquela atriz loira de peitões de fora, calçolão gigantesco, deitada por cima de um cara com calça boca de sino – esse deve ser dos anos 70 – fazendo caras e bocas quando, do nada, fecharam um close no ombro do rapaz, que começou a ser freneticamente arranhado pela mocinha excitada de mentirinha. Nesse momento, veio o take antológico do filme, com a seqüência do braço do moço despencando do sofá, não deixando dúvidas: "Sim, ELE desmaiou de tesão". E EU morri de rir. Uma obra prima.

Entre um gole e outro daquela cerveja salgada – que alguém disse que deveria ser por causa do sal colocado no gelo para “conservar” a temperatura, mas que depois de já ter bebido tanto não tive coragem de perguntar –, percebi uma criatura venusiana cheia de conversa mole para o lado do primo gato do Zagrado. De repente, quando apareceu no telão a palavra “Marijuana” em letras garrafais – que eu já não sei mais se era um capítulo do filme anterior, ou se já era um terceiro ou quarto filme que começava – ela gritou de lá para mim:
- Ei, tira aqui uma foto.
- Como é que é???
- É tira aqui uma foto nossa aqui.
- “Nossa” “QUEM”, minha filha???

Sentindo que ia começar a apanhar em menos de dez segundos, a habitante do nosso planeta vizinho tentou consertar:
- De todos nós, amigaaa! Nós e aquela imagem da “marijuana”! A propósito, não tem um aí pra gente não?
- Amiga é o cacete, filhona! Não tá achando que pra uma criatura do teu tamanho tá querendo demais não? Tá querendo fotinho, tá querendo ondinha, tá querendo gatinho... Some daqui, fia! Volta pro ralo, volta! – se ela assistiu o “Cheiro do Ralo”, entendeu o recado. Se não assistiu, entendeu do mesmo jeito.

[Um segundo depois já estava eu lá com aquela nítida impressão de que fiz merda...]

O primo do gato Zagrindo começou a rir consideravelmente e eu saquei que a partir dali – e para todo o sempre – estaria completamente sem moral para fazer qualquer tipo de doce.

Entregue o ouro para o bandido, nada mais restava a fazer senão rezar para que ele não sapateasse muito no meu pobre coraçãozinho apaixonado – oh, como é cafona o amor.

[Depois dessa, podem zoar ao vivo. Eu mereço]

Nosso amigo solteiro-só-risos reapareceu em seguida muito bem acompanhado por uma argentina torcedora do River Plate, e eu nem preciso dizer que eles se apaixonaram, se casaram, foram felizes para sempre naquela noite e tiveram muitos filhotes que já nasceram gritando:
- ARRENTINA, ARRENTINA, ARRENTINA!

[Que horror. O álcool é foda...]

E a facção “viada” do evento começou a se manifestar.

[A-DO-RO]

Tinha de tudo: cigano de cabelos compridos desenvolvendo dança flamenca ao som de “Rock the Casbah” – The Clash, isso mesmo! – em ritmo caribenho, bibas alternativas de óculos aro preto tentando ser discretas diante dos enormes dinamarqueses assados pelo sol carioca, e outras mais audaciosas que não estavam nem aí para nada, para ninguém, e super dispostas a se divertir tanto ou mais do que a gente.

Nesse momento, enquanto os rapazes hétero começavam a sentir o drama e, conseqüentemente, considerar a idéia de partir dali urgentemente, entre uma beijoca e outra acabei me desequilibrando e descobrindo um desnível no piso da varanda - que parecia a ausência de uma lajota - com uns três ou quatro centímetros de profundidade.

[E você deve estar se perguntando qual a importância desse fato para a história. E eu vos digo]

Para um casal de bêbados, cuja mulher tem 1,77m de altura – ao nível do mar –, contra 1,73m do aguerrido alpinista, descoberta como essa tem grande importância não só para a história, como para todos os envolvidos:
- CADA UM NO SEU QUADRADO, BELA! CADA UM NO SEU QUADRADO!!!
- E bunda na parede "gato", porque em terra de “festa estranha com gente esquisita”, quem tem olho é cu!

E afinal, se vale aquela máxima de que "criança que começa rindo, acaba chorando"...
- Já nos divertimos bastante por um sábado à noite... Hora de ir para casa.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Agora é contigo!

Santo Antônio, meu querido, a minha parte eu estou fazendo, mas vou te falar um negócio: a coisa tá feia aqui embaixo! Eu JURO que não queria fazer isso, acredite... mas depois dos 30, sabe como é que é, né...
.
Meu querido Santo Antônio
feito de nó de pinho,
me arranje um casamento
com um moço bem bonitinho (ou bonzinho)
..
[Bonzinho demais também não, por favor. Se não for pedir muito, claro...]

Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Já estou ficando velha
Já estou ficando só

Eu vivo só
E sem ninguém
E quem eu quero
Não me quer bem

Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Já estou ficando velha
Já estou ficando só

Eu quero um moço
Rico e formoso
Não peço mais
Porque sei que isto é custoso
(Gravada por Ely Camargo, em Canções de minha terra, v. 1, Chantecler)

[Quem espera sempre alcança - ou se cansa, ou desiste, ou apela para Santo Antônio]

Oh meu glorioso Santo Antônio
Pelo hábito que vestistes
Pelo cordão que cingistes
Estar vosso pai vistes
Como sete sentenças da forca
Não dormistes nem descansastes
Enquanto, senhor, não o livrastes
Assim, vos peço, santo bendito
Que não durmais, nem descanseis
Enquanto não aparecer
O que vos peço me depareis (um pedido)

[Não conto, não conto e não conto!]
.
Se milagres desejais
Contra os males e o demônio
Recorrei a Santo Antônio
E não falhareis jamais.
Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro e a morte,
Quem é fraco fica forte
Mesmo o enfermo fica são.
Rompem-se as mais vis prisões,
Recupera-se o perdido,
Cede o mar embravecido,
No maior dos furacões.
Penas mil e humanos ais,
Se moderam, se retiram;
Isto digam os que viram,
Os paduanos e outros mais.
- Rogai por nós Santo Antônio,
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
.
[E viva Santo Antônio! - que só vai desvirar já sabe quando...]

Agora é contigo!

Santo Antônio, meu querido, a minha parte eu estou fazendo, mas vou te falar um negócio: a coisa tá feia aqui embaixo! Eu JURO que não queria fazer isso, acredite... mas depois dos 30, sabe como é que é, né...
.
Meu querido Santo Antônio
feito de nó de pinho,
me arranje um casamento
com um moço bem bonitinho (ou bonzinho)
..
[Bonzinho demais também não, por favor. Se não for pedir muito, claro...]

Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Já estou ficando velha
Já estou ficando só

Eu vivo só
E sem ninguém
E quem eu quero
Não me quer bem

Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Ai, ai, Santo Antônio tenha dó
Já estou ficando velha
Já estou ficando só

Eu quero um moço
Rico e formoso
Não peço mais
Porque sei que isto é custoso
(Gravada por Ely Camargo, em Canções de minha terra, v. 1, Chantecler)

[Quem espera sempre alcança - ou se cansa, ou desiste, ou apela para Santo Antônio]

Oh meu glorioso Santo Antônio
Pelo hábito que vestistes
Pelo cordão que cingistes
Estar vosso pai vistes
Como sete sentenças da forca
Não dormistes nem descansastes
Enquanto, senhor, não o livrastes
Assim, vos peço, santo bendito
Que não durmais, nem descanseis
Enquanto não aparecer
O que vos peço me depareis (um pedido)

[Não conto, não conto e não conto!]
.
Se milagres desejais
Contra os males e o demônio
Recorrei a Santo Antônio
E não falhareis jamais.
Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro e a morte,
Quem é fraco fica forte
Mesmo o enfermo fica são.
Rompem-se as mais vis prisões,
Recupera-se o perdido,
Cede o mar embravecido,
No maior dos furacões.
Penas mil e humanos ais,
Se moderam, se retiram;
Isto digam os que viram,
Os paduanos e outros mais.
- Rogai por nós Santo Antônio,
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
.
[E viva Santo Antônio! - que só vai desvirar já sabe quando...]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O tempo passa...

... As meninas crescem, entram no mercado de trabalho, aprendem a matar dois leões por dia, a cuidar da casa, dos filhos, do carro, do futuro, mas... no fundo, no fundo... continuam iguaizinhas!

Impressionante.

O tempo passa...

... As meninas crescem, entram no mercado de trabalho, aprendem a matar dois leões por dia, a cuidar da casa, dos filhos, do carro, do futuro, mas... no fundo, no fundo... continuam iguaizinhas!

Impressionante.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O Show da Virada!


Perguntou para o amigo solteiro-muito-à-contragosto:

- E aí filho, já desistiu do "Projeto Dia 12"?
- Nunca. Amanhã para mim é ano novo! Vou no show de branco e tudo!

Pensei comigo:
- Na dúvida, será que servem porção de uvas no local?

O Show da Virada!


Perguntou para o amigo solteiro-muito-à-contragosto:

- E aí filho, já desistiu do "Projeto Dia 12"?
- Nunca. Amanhã para mim é ano novo! Vou no show de branco e tudo!

Pensei comigo:
- Na dúvida, será que servem porção de uvas no local?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Skavurzka!*




.

.


.


.

..
..
Vem, pode entrar.
Fique à vontade, a casa é sua.
Tenho muitas coisas para lhe contar.
Os dias não têm sido fáceis, mas desde que você chegou o clima melhorou bastante.
Coincidência? Vai saber.
Adoro a sua risada.
E o seu boné.
Também gosto de som alto.
Gosto de muitas coisas, na verdade.
Desgosto de poucas.
Sorte minha.
Não sou supersticiosa.
Mas justo aquele pedido não posso contar.
Misturar bebida nem pensar.
E aquela rolha partida ainda não tive coragem de jogar fora.
Por quê, não sei.
Maluca eu?
Malu caiu, isso sim.
Bebeu, caiu e levantou. Como sempre.
Vou pegar mais gelo e já volto.
E não pense que alguns dias já se acabaram.
Nós é que acabamos com eles. Vivemos todos.
Às vezes chego até a pensar que não tenho medo de sofrer.
Mas depois lembro que é mentira. Tenho sim.
É que prefiro ficar aqui conversando com você.
Cada coisa no seu tempo.
Agora é hora de sorvete.
Me avisa quando tiver que ir.
Depois eu vejo como vai ficar.
E quando esse dia chegar, sei lá o que vai ser.
Certamente aquele bom e velho "puta que pariu" vai ser útil.
Ou não.
Vai saber.
.
* Saudação daqueles que assinam "Net Combo", ué.
(Ahh, seres humanos e essa eterna mania de querer entender tudo...)

Skavurzka!*




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..
..
Vem, pode entrar.
Fique à vontade, a casa é sua.
Tenho muitas coisas para lhe contar.
Os dias não têm sido fáceis, mas desde que você chegou o clima melhorou bastante.
Coincidência? Vai saber.
Adoro a sua risada.
E o seu boné.
Também gosto de som alto.
Gosto de muitas coisas, na verdade.
Desgosto de poucas.
Sorte minha.
Não sou supersticiosa.
Mas justo aquele pedido não posso contar.
Misturar bebida nem pensar.
E aquela rolha partida ainda não tive coragem de jogar fora.
Por quê, não sei.
Maluca eu?
Malu caiu, isso sim.
Bebeu, caiu e levantou. Como sempre.
Vou pegar mais gelo e já volto.
E não pense que alguns dias já se acabaram.
Nós é que acabamos com eles. Vivemos todos.
Às vezes chego até a pensar que não tenho medo de sofrer.
Mas depois lembro que é mentira. Tenho sim.
É que prefiro ficar aqui conversando com você.
Cada coisa no seu tempo.
Agora é hora de sorvete.
Me avisa quando tiver que ir.
Depois eu vejo como vai ficar.
E quando esse dia chegar, sei lá o que vai ser.
Certamente aquele bom e velho "puta que pariu" vai ser útil.
Ou não.
Vai saber.
.
* Saudação daqueles que assinam "Net Combo", ué.
(Ahh, seres humanos e essa eterna mania de querer entender tudo...)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Alma livre e embriagada




.
.
.
.
.
"Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular idéia de inventar a alegria?
Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.
Na noite do júbilo ou na jornada adversa
Exalta a alegria ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto
Outrora a cantaram o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória".
(Jorge Luis Borges)
.
E foi dado início à minha mais nova coleção de lembranças felizes...
;-)

Alma livre e embriagada




.
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"Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular idéia de inventar a alegria?
Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.
Na noite do júbilo ou na jornada adversa
Exalta a alegria ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto
Outrora a cantaram o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória".
(Jorge Luis Borges)
.
E foi dado início à minha mais nova coleção de lembranças felizes...
;-)

Adequação

O nome do blog mudou.
[Ou fui eu que mudei?]
Saem as bolhas de sabão...
Vem a vida com menos fascinação e mais emoção...
Melhor assim.

Adequação

O nome do blog mudou.
[Ou fui eu que mudei?]
Saem as bolhas de sabão...
Vem a vida com menos fascinação e mais emoção...
Melhor assim.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

(Des)Caminhos

A e B eram companheiros de viagem.
Viajavam há algum tempo e aqueles que os viam passar podiam jurar que ainda percorreriam um longo caminho juntos.
Consigo levavam água, pão e colchão.
Sorrisos, não.
Se A tinha sede, B sacava o cantil.
Se B tinha fome, A estendia a mão.
Ao final do dia, sempre cansados, elegiam o recanto seguro para repousarem seus corpos não tanto.
Dia após dia seguiam o seu caminho, que era um só.
Um. Só. O outro, também.
Até que A se encheu.
Encheu-se de coragem, de vinho e argumentos, e escolheu seguir seu rumo.
Rompeu sua própria estrada.
Partiu um coração amigo.
Ao ter sede descobriu a chuva.
Ao ter fome descobriu a terra.
Com a noite descobriu as estrelas, os sonhos e a imensidão do colchão – que vale por dois quando tudo que se conhece é meio.
Descobriu que enquanto viajou por dois foi metade, e apenas a caminhar só foi um todo.
Então descobriu o sorriso.
E assim, até hoje, de vinho em vinho, de sonho em sonho, A segue sua estrada a compartilhar do frescor da chuva, dos sabores da terra, da inspiração das estrelas com todos os viajantes que por ele passam... mesmo que ainda possam jurar que continua ele apenas à espera do companheiro de viagem que, além dos caminhos, queira também compartilhar sorrisos.
Talvez estejam certos.

(Des)Caminhos

A e B eram companheiros de viagem.
Viajavam há algum tempo e aqueles que os viam passar podiam jurar que ainda percorreriam um longo caminho juntos.
Consigo levavam água, pão e colchão.
Sorrisos, não.
Se A tinha sede, B sacava o cantil.
Se B tinha fome, A estendia a mão.
Ao final do dia, sempre cansados, elegiam o recanto seguro para repousarem seus corpos não tanto.
Dia após dia seguiam o seu caminho, que era um só.
Um. Só. O outro, também.
Até que A se encheu.
Encheu-se de coragem, de vinho e argumentos, e escolheu seguir seu rumo.
Rompeu sua própria estrada.
Partiu um coração amigo.
Ao ter sede descobriu a chuva.
Ao ter fome descobriu a terra.
Com a noite descobriu as estrelas, os sonhos e a imensidão do colchão – que vale por dois quando tudo que se conhece é meio.
Descobriu que enquanto viajou por dois foi metade, e apenas a caminhar só foi um todo.
Então descobriu o sorriso.
E assim, até hoje, de vinho em vinho, de sonho em sonho, A segue sua estrada a compartilhar do frescor da chuva, dos sabores da terra, da inspiração das estrelas com todos os viajantes que por ele passam... mesmo que ainda possam jurar que continua ele apenas à espera do companheiro de viagem que, além dos caminhos, queira também compartilhar sorrisos.
Talvez estejam certos.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Para vocês, com amor...

Navegando por blogs nunca dantes navegados, encontrei a página do psicanalista curitibano Leonardo Ferrari e deparei-me com uma carta das mais amorosas que já li...

Reproduzo aqui o texto e ecôo sua mensagem a todos vocês que amo...

"Querida Nayara,

Parabéns. Agora que você parte para Nova Iorque, agora que você deixa a Escola de Dança do Teatro Guaíra para ser professora no American Ballet Theater, agora que você segue o rumo do teu coração, dos teus pés, da tua alma, agora que os nova-iorquinos terão o privilégio de ver aquilo que nós, curitibanos, já chorávamos ao te ver dançar, já ficávamos em estado de êxtase, já perdíamos o caminho de casa após dançar contigo, após seguir cada movimento seu, agora, querida Nayara, eu quero te desejar o avesso dessa fotografia de Irina Dvorovenko. Veja, Nayara, ela dança uma “esplêndida solidão”. Querida Nayara, pois eu te desejo bons encontros neste seu novo caminho. Nada de solidão. Talvez os encontros não sejam esplêndidos, talvez os encontros não sejam máximos, talvez os encontros não sejam um sucesso, mas o que um encontro tem de bom é que ele exige da gente o movimento. Repare, querida Nayara, repare que Irina está parada na fotografia. É esse o esplendor do sintoma que paralisa a gente, que impede o passo, que atrapalha o tropeço. Não, querida Nayara, fuja desse esplendor. Foi aí que Narciso se acabou, foi aí que Narciso se afundou. Aos encontros, querida Nayara, aos encontros. Falhos, feios, bons, regulares, mas encontros. É o que eu te desejo, com todo meu amor".
.
Escrito por Leonardo Ferrari, in http://leobelferrari.blog.uol.com.br/arch2008-05-18_2008-05-24.html, 24.maio.08.

Para vocês, com amor...

Navegando por blogs nunca dantes navegados, encontrei a página do psicanalista curitibano Leonardo Ferrari e deparei-me com uma carta das mais amorosas que já li...

Reproduzo aqui o texto e ecôo sua mensagem a todos vocês que amo...

"Querida Nayara,

Parabéns. Agora que você parte para Nova Iorque, agora que você deixa a Escola de Dança do Teatro Guaíra para ser professora no American Ballet Theater, agora que você segue o rumo do teu coração, dos teus pés, da tua alma, agora que os nova-iorquinos terão o privilégio de ver aquilo que nós, curitibanos, já chorávamos ao te ver dançar, já ficávamos em estado de êxtase, já perdíamos o caminho de casa após dançar contigo, após seguir cada movimento seu, agora, querida Nayara, eu quero te desejar o avesso dessa fotografia de Irina Dvorovenko. Veja, Nayara, ela dança uma “esplêndida solidão”. Querida Nayara, pois eu te desejo bons encontros neste seu novo caminho. Nada de solidão. Talvez os encontros não sejam esplêndidos, talvez os encontros não sejam máximos, talvez os encontros não sejam um sucesso, mas o que um encontro tem de bom é que ele exige da gente o movimento. Repare, querida Nayara, repare que Irina está parada na fotografia. É esse o esplendor do sintoma que paralisa a gente, que impede o passo, que atrapalha o tropeço. Não, querida Nayara, fuja desse esplendor. Foi aí que Narciso se acabou, foi aí que Narciso se afundou. Aos encontros, querida Nayara, aos encontros. Falhos, feios, bons, regulares, mas encontros. É o que eu te desejo, com todo meu amor".
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Escrito por Leonardo Ferrari, in http://leobelferrari.blog.uol.com.br/arch2008-05-18_2008-05-24.html, 24.maio.08.

Ééééé o inverno...



.

.
... Hoje é sábado.
.
;-)

Ééééé o inverno...



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... Hoje é sábado.
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;-)