segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mais que mil palavras

"O essencial é invisível aos olhos".
Antoine de Saint-Exupéry


Mais que mil palavras

"O essencial é invisível aos olhos".
Antoine de Saint-Exupéry


sexta-feira, 18 de abril de 2008

Neuróticos S.A.

Sinto sua falta pra caralho.

Desculpe.
Não posso ser sua amiga e ainda não sei o que fazer com isso.

Sofro. Penso em você a maior parte do tempo.

Sinto saudade de sentar perto de você e me esquecer do resto.
Saudade de falar, falar e falar o que imaginava que só você era capaz de entender.
Saudade de olhar suas mãos enquanto digitava.
Saudade de ficar olhando a sua nuca e desviar a atenção pra qualquer outro lugar quando voltava a cadeira para mim.
Saudade do seu beijo. Do seu abraço.
Saudade do jeito como me tocava e de como me sentia especial ao seu lado.
Saudade. Saudade. Saudade.

Pra caralho.

Uma vez escrevi uma carta. Nunca enviei. Assim como estou escrevendo este e-mail catártico.
A carta era para o pai do meu filho. Já estávamos separados. Lá eu falava sobre mil coisas que senti e também não me permiti contar a ele. Depois de três anos publiquei a carta no blog que criei, há duas semanas. Senti-me um pouco melhor, mas tive a nítida sensação de que passei a minha vida tentando mais dar aos outros o que eles desejavam de mim, do que, talvez, me permitindo lhes dar a oportunidade de conhecer a pessoa que sou de verdade, com tudo o que tenho, de bom e de ruim. Entende? Claro que entende...

Enquanto escrevo a 21ª linha deste e-mail tenho a plena convicção de que isso também não chegará a você nunca.
Sei lá. Agora que escrevi, estou começando a achar que vou mandar...

Mandar pra quê?
Não sei. Pra mandar. Pra te contar.
Contar pra quê?
Também não sei. Nunca fiz isso antes.
Às vezes acho que você não gosta de mim. Às vezes acho que gosta.
Na verdade, acho que você gosta e não gosta.
Eu também acho que gosto e não gosto de você.
Normal, acho.

A única coisa que SEI mesmo é que escrevo para não gritar.
Escrevo para conseguir levantar da cadeira da minha sala, atravessar o escritório e não olhar para você.
Para manter os olhos no monitor e não olhar – nunca mais – para a sua sala.
Escrevo para conseguir me manter esguia, com a coluna ereta. Andar em cima desse salto 10.
Para cruzar com você no corredor e, eventualmente, lhe desejar um bom dia.
(Bom dia sempre sincero, porque quando quero que você se dane nem lhe dirijo a palavra).
Escrevo para não entrar na sua sala e te sacudir.
Para não entrar na sua sala e te beijar.

Que merda.

Medo pra cacete de mandar essa merda.
Então não mando e pronto.
Faço como a outra carta: imprimo, enfio na gaveta e publico no blog daqui a três anos quando não sentir mais nada por você.
Assim é mais seguro.
Seguro?
E o que eu ganho com isso?
Nada.
E se eu mandar? O que ganho?
Nada também. Afinal, Conheço seu caráter obsessivo, com aquela maldita necessidade de se relacionar com apenas 50% da capacidade – parte apanhando, parte se punindo por apanhar tanto –, utilizando todo o resto da sua energia para pensar pra caralho em mil histórias “super-hiper-mega-ultra-convincentes” de que, de fato, o caminho escolhido é temporariamente o melhor de todos, considerando o seu plano infalível para a concretização da vida perfeita, que será possível logo ali adiante. Aí logo muda de idéia, passando a pensar que talvez chutar o balde seja a melhor solução; momento em que percebe que se esqueceu de levar o cachorro ao veterinário, de comprar as pilhas do brinquedo do filho, de preparar o recurso cujo prazo é amanhã. E ainda tem que decidir: “Sapato preto com cinto marrom? Não, cinto preto. Não, cinto marrom. Isso. Marrom. Tenho que começar a ousar na vida”.

Que ótimo.

Estou há quase 20 minutos escrevendo um e-mail, que não vou mandar, a um cara que caga pra mim.
Isso está me cheirando a sintoma...
Maldita histeria.

Neuróticos S.A.

Sinto sua falta pra caralho.

Desculpe.
Não posso ser sua amiga e ainda não sei o que fazer com isso.

Sofro. Penso em você a maior parte do tempo.

Sinto saudade de sentar perto de você e me esquecer do resto.
Saudade de falar, falar e falar o que imaginava que só você era capaz de entender.
Saudade de olhar suas mãos enquanto digitava.
Saudade de ficar olhando a sua nuca e desviar a atenção pra qualquer outro lugar quando voltava a cadeira para mim.
Saudade do seu beijo. Do seu abraço.
Saudade do jeito como me tocava e de como me sentia especial ao seu lado.
Saudade. Saudade. Saudade.

Pra caralho.

Uma vez escrevi uma carta. Nunca enviei. Assim como estou escrevendo este e-mail catártico.
A carta era para o pai do meu filho. Já estávamos separados. Lá eu falava sobre mil coisas que senti e também não me permiti contar a ele. Depois de três anos publiquei a carta no blog que criei, há duas semanas. Senti-me um pouco melhor, mas tive a nítida sensação de que passei a minha vida tentando mais dar aos outros o que eles desejavam de mim, do que, talvez, me permitindo lhes dar a oportunidade de conhecer a pessoa que sou de verdade, com tudo o que tenho, de bom e de ruim. Entende? Claro que entende...

Enquanto escrevo a 21ª linha deste e-mail tenho a plena convicção de que isso também não chegará a você nunca.
Sei lá. Agora que escrevi, estou começando a achar que vou mandar...

Mandar pra quê?
Não sei. Pra mandar. Pra te contar.
Contar pra quê?
Também não sei. Nunca fiz isso antes.
Às vezes acho que você não gosta de mim. Às vezes acho que gosta.
Na verdade, acho que você gosta e não gosta.
Eu também acho que gosto e não gosto de você.
Normal, acho.

A única coisa que SEI mesmo é que escrevo para não gritar.
Escrevo para conseguir levantar da cadeira da minha sala, atravessar o escritório e não olhar para você.
Para manter os olhos no monitor e não olhar – nunca mais – para a sua sala.
Escrevo para conseguir me manter esguia, com a coluna ereta. Andar em cima desse salto 10.
Para cruzar com você no corredor e, eventualmente, lhe desejar um bom dia.
(Bom dia sempre sincero, porque quando quero que você se dane nem lhe dirijo a palavra).
Escrevo para não entrar na sua sala e te sacudir.
Para não entrar na sua sala e te beijar.

Que merda.

Medo pra cacete de mandar essa merda.
Então não mando e pronto.
Faço como a outra carta: imprimo, enfio na gaveta e publico no blog daqui a três anos quando não sentir mais nada por você.
Assim é mais seguro.
Seguro?
E o que eu ganho com isso?
Nada.
E se eu mandar? O que ganho?
Nada também. Afinal, Conheço seu caráter obsessivo, com aquela maldita necessidade de se relacionar com apenas 50% da capacidade – parte apanhando, parte se punindo por apanhar tanto –, utilizando todo o resto da sua energia para pensar pra caralho em mil histórias “super-hiper-mega-ultra-convincentes” de que, de fato, o caminho escolhido é temporariamente o melhor de todos, considerando o seu plano infalível para a concretização da vida perfeita, que será possível logo ali adiante. Aí logo muda de idéia, passando a pensar que talvez chutar o balde seja a melhor solução; momento em que percebe que se esqueceu de levar o cachorro ao veterinário, de comprar as pilhas do brinquedo do filho, de preparar o recurso cujo prazo é amanhã. E ainda tem que decidir: “Sapato preto com cinto marrom? Não, cinto preto. Não, cinto marrom. Isso. Marrom. Tenho que começar a ousar na vida”.

Que ótimo.

Estou há quase 20 minutos escrevendo um e-mail, que não vou mandar, a um cara que caga pra mim.
Isso está me cheirando a sintoma...
Maldita histeria.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Frente fria chegando...


“Vinho delicioso, saboroso e também o mais inebriante (..) que deixa ébria a alma enfraquecida que não o bebe. Alma livre e embriagada! Alma que esquece, esquecida, embriagada com aquilo que não bebe e não beberá nunca!”
Nietzsche

Frente fria chegando...


“Vinho delicioso, saboroso e também o mais inebriante (..) que deixa ébria a alma enfraquecida que não o bebe. Alma livre e embriagada! Alma que esquece, esquecida, embriagada com aquilo que não bebe e não beberá nunca!”
Nietzsche

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A Última Carta

Rio de Janeiro, 12 de março de 2005.

....

São 00:56h de uma sexta-feira para lá de abafada. Não me lembro a última vez que peguei papel e caneta para escrever alguma carta, ou registrar algum sentimento - o que provavelmente aconteceu na mesma ocasião -, mas com certeza foi para você.

Não sei se estes pensamentos algum dia chegarão ao seu destino, mas, de todo modo, sinto um grande desejo de registrá-los porque acho que acabei de me libertar, há poucos instantes, de um verdadeiro monstro.

Absolutamente por acaso saquei do alto do armário aquela caixa azul com todas as "lembranças materiais" da nossa história. Meu intuito era tão-somente arquivar a última peça daquele acervo: um cartão de aniversário ainda perdido, solto no meio das gavetas, assinado por você e nosso filho.

Inevitável desenrolar aquele canudo de papel cujas juras de amor já não me recordava. Promessa de um lindo jardim, de um despertar apaixonado a cada dia. Devo confessar que as lágrimas brotaram dos meus olhos. Como agora...

Impossível não vasculhar todos aqueles envelopes, um a um. Sorver todas aquelas palavras esquecidas e absolutamente desvalorizadas pela força dos acontecimentos, para tentar, de algum modo, devolver a caixa ao alto do armário - pela última vez - com algum sentimento bom dentro de mim - afinal, agora faço análise!

E eu consegui.

Uma coisa que muito me machucou nessa separação - muito, muito mesmo - foi ouvir de você, na cama, que já não me amava há muito tempo. Que achava que tinha me amado no início, mas nem disso tinha certeza.

Pensei que carregaria essas palavras comigo para sempre, como uma cicatriz, mas graças ao tal "baú de relíquias" consegui me libertar dessa dor, com a certeza de que não foi tudo um engano. Você me amou sim. Muito. Como eu imaginava. Talvez tanto quanto eu a você.

Nossas fotos, nosso encantamento, nossos planos, suas palavras doces e ao mesmo tempo tão firmes no propósito de me convencer de que era a mulher da sua vida. Tantas declarações, algumas quase alucinadas no meio da madrugada após um lampejo de desejo e saudade.

Fernando Pessoa, Drummond, todos unidos em uma invencível conspiração. Poesia no travesseiro após a primeira noite de amor. Poemas num papel A4, num dia qualquer. Quanta beleza. Quanta pureza. Quanto amor.

Nosso filho agora dorme como um anjo. Essa imagem agora parece fazer mais sentido do que nunca.

Na verdade, não sei se essas palavras chegarão a você... Não sei se vale a pena compartilhar meus devaneios. Agora penso que talvez tenha compartilhado muito pouco de mim com você nos últimos anos... De qualquer forma, se estiver a ler estas linhas, não tente encontrar algum motivo ou finalidade para elas.

A vida é mesmo muito complicada. As pessoas são muito complicadas. Se pudéssemos escrever um roteiro para nossas próprias vidas... refazer as cenas ruins, acelerar a história quando irremediável o mal - talvez para que doesse menos -, ou acionar a câmera lenta naqueles momentos preciosos - para perpetuá-los na memória e no coração... mas nada disso é possível. Temos que viver de improviso, em tempo real. E isso é muito difícil. Não conseguimos.

Nossa história chegou ao fim.

Saiba que hoje meu coração está em paz. Sou muito grata a você pelo tesouro imensurável que me deu - nosso filho lindo - e, mais do que fez por mim enquanto estivemos juntos, pelo que pretendeu um dia fazer.

A Última Carta

Rio de Janeiro, 12 de março de 2005.

....

São 00:56h de uma sexta-feira para lá de abafada. Não me lembro a última vez que peguei papel e caneta para escrever alguma carta, ou registrar algum sentimento - o que provavelmente aconteceu na mesma ocasião -, mas com certeza foi para você.

Não sei se estes pensamentos algum dia chegarão ao seu destino, mas, de todo modo, sinto um grande desejo de registrá-los porque acho que acabei de me libertar, há poucos instantes, de um verdadeiro monstro.

Absolutamente por acaso saquei do alto do armário aquela caixa azul com todas as "lembranças materiais" da nossa história. Meu intuito era tão-somente arquivar a última peça daquele acervo: um cartão de aniversário ainda perdido, solto no meio das gavetas, assinado por você e nosso filho.

Inevitável desenrolar aquele canudo de papel cujas juras de amor já não me recordava. Promessa de um lindo jardim, de um despertar apaixonado a cada dia. Devo confessar que as lágrimas brotaram dos meus olhos. Como agora...

Impossível não vasculhar todos aqueles envelopes, um a um. Sorver todas aquelas palavras esquecidas e absolutamente desvalorizadas pela força dos acontecimentos, para tentar, de algum modo, devolver a caixa ao alto do armário - pela última vez - com algum sentimento bom dentro de mim - afinal, agora faço análise!

E eu consegui.

Uma coisa que muito me machucou nessa separação - muito, muito mesmo - foi ouvir de você, na cama, que já não me amava há muito tempo. Que achava que tinha me amado no início, mas nem disso tinha certeza.

Pensei que carregaria essas palavras comigo para sempre, como uma cicatriz, mas graças ao tal "baú de relíquias" consegui me libertar dessa dor, com a certeza de que não foi tudo um engano. Você me amou sim. Muito. Como eu imaginava. Talvez tanto quanto eu a você.

Nossas fotos, nosso encantamento, nossos planos, suas palavras doces e ao mesmo tempo tão firmes no propósito de me convencer de que era a mulher da sua vida. Tantas declarações, algumas quase alucinadas no meio da madrugada após um lampejo de desejo e saudade.

Fernando Pessoa, Drummond, todos unidos em uma invencível conspiração. Poesia no travesseiro após a primeira noite de amor. Poemas num papel A4, num dia qualquer. Quanta beleza. Quanta pureza. Quanto amor.

Nosso filho agora dorme como um anjo. Essa imagem agora parece fazer mais sentido do que nunca.

Na verdade, não sei se essas palavras chegarão a você... Não sei se vale a pena compartilhar meus devaneios. Agora penso que talvez tenha compartilhado muito pouco de mim com você nos últimos anos... De qualquer forma, se estiver a ler estas linhas, não tente encontrar algum motivo ou finalidade para elas.

A vida é mesmo muito complicada. As pessoas são muito complicadas. Se pudéssemos escrever um roteiro para nossas próprias vidas... refazer as cenas ruins, acelerar a história quando irremediável o mal - talvez para que doesse menos -, ou acionar a câmera lenta naqueles momentos preciosos - para perpetuá-los na memória e no coração... mas nada disso é possível. Temos que viver de improviso, em tempo real. E isso é muito difícil. Não conseguimos.

Nossa história chegou ao fim.

Saiba que hoje meu coração está em paz. Sou muito grata a você pelo tesouro imensurável que me deu - nosso filho lindo - e, mais do que fez por mim enquanto estivemos juntos, pelo que pretendeu um dia fazer.