quinta-feira, 29 de abril de 2010

Levada

(Peça da exposição "O Direito do Olhar" idealizada pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa - IDDD -, em parceria com a Associação Novolhar, que promoveu em 2005 um concurso cultural envolvendo estabelecimentos prisionais, unidades de internação e casas de custódia femininos de São Paulo. Obras publicadas em livro de mesmo título, em 2010.)
.
Levar uma pessoa enxergar o outro é tarefa difícil. Pensar em trazer o seu olhar para aquele que, pelas mais variadas transgressões - ou omissões -, está privado de sua liberdade, é uma missão de vida. Hoje pela manhã, ouvi Luís Guilherme Vieira na rádio e me emocionei. Tive orgulho da advocacia criminal que aprendi com ele. Tive orgulho de saber que o direito de defesa ultrapassou os limites dos tribunais, arrebatou o sujeito e está levando-o à sua arte. E está trazendo-o de volta... e me levando ao seu encontro por estes novos caminhos!
.
"A tristeza estava tão triste,
Que nem ouviu o amor chamar por ela (...)
- Felicidade, por favor você que é tão feliz e gosta de ver todo mundo feliz,
Ajude-me e leve-me contigo".
.
(Trecho do texto de E.R.M, 19, Internato Parada de Taipas, menção honrosa)
.
"O que quer a mulher?"
- Quer ser levada.
De um jeito ou de outro ela sempre consegue.

Levada

(Peça da exposição "O Direito do Olhar" idealizada pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa - IDDD -, em parceria com a Associação Novolhar, que promoveu em 2005 um concurso cultural envolvendo estabelecimentos prisionais, unidades de internação e casas de custódia femininos de São Paulo. Obras publicadas em livro de mesmo título, em 2010.)
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Levar uma pessoa enxergar o outro é tarefa difícil. Pensar em trazer o seu olhar para aquele que, pelas mais variadas transgressões - ou omissões -, está privado de sua liberdade, é uma missão de vida. Hoje pela manhã, ouvi Luís Guilherme Vieira na rádio e me emocionei. Tive orgulho da advocacia criminal que aprendi com ele. Tive orgulho de saber que o direito de defesa ultrapassou os limites dos tribunais, arrebatou o sujeito e está levando-o à sua arte. E está trazendo-o de volta... e me levando ao seu encontro por estes novos caminhos!
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"A tristeza estava tão triste,
Que nem ouviu o amor chamar por ela (...)
- Felicidade, por favor você que é tão feliz e gosta de ver todo mundo feliz,
Ajude-me e leve-me contigo".
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(Trecho do texto de E.R.M, 19, Internato Parada de Taipas, menção honrosa)
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"O que quer a mulher?"
- Quer ser levada.
De um jeito ou de outro ela sempre consegue.

domingo, 25 de abril de 2010

Herói

(Miguel Torga debruçado sobre "Le Cas de Madame Lefebvre", de Marie Bonaparte, publicado na Revista Francesa de Psicanálise em 1927)
.
Dividida, neste domingo, entre a leitura de um processo de cinco volumes - que trouxe para estudar em casa no feriado - e minhas pesquisas livre-associativas pela internet, fiquei com a segunda e encontrei uma deliciosa entrevista concedida por Freud ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926, publicada no Journal of Psychology, na qual falou quase tudo o que eu tinha a dizer hoje:
.
"(...)
George Sylvester Viereck: Às vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal.
.
S. Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.
.
George Sylvester Viereck: Por quê?
.
S. Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psiquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos [pulsões, corrijo a tradução] e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando o seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis antigos como Aquiles e Heitor.
.
George Sylvester Viereck: Meu cachorro é um doberman Pinscher chamado Ajax.
.
S. Freud: (Sorrindo) Fico contente que não possa ler. Ele certamente seria um membro menos querido da casa se pudesse latir sua opinião sobre os traumas psíquicos e o complexo de Édipo! (...)"
.
(Entrevista de Sigmund Freud concedida ao jornalista George Sylvester Viereck, em 1926, republicada no volume Psychoanalysis and the Fut, edição especial do Journal of Psychology, Nova Iorque, 1957, divulgada na íntegra no site Antroposmoderno, com tradução de Paulo César Souza)
..
Pensando em Ajax, Muralha, com sua lança comprida, pedras colossais, lembrei de Miguel, Torga, aquele que diante do espelho não sucumbiu: retornou, bravo, chorou sua humanidade e fez poesia.
.
"Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso,
de ser assim como sou
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou".
.
(Miguel Torga, trecho de "O Livro de Horas" in "O Outro Livro de Job", 1936)

Herói

(Miguel Torga debruçado sobre "Le Cas de Madame Lefebvre", de Marie Bonaparte, publicado na Revista Francesa de Psicanálise em 1927)
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Dividida, neste domingo, entre a leitura de um processo de cinco volumes - que trouxe para estudar em casa no feriado - e minhas pesquisas livre-associativas pela internet, fiquei com a segunda e encontrei uma deliciosa entrevista concedida por Freud ao jornalista americano George Sylvester Viereck, em 1926, publicada no Journal of Psychology, na qual falou quase tudo o que eu tinha a dizer hoje:
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"(...)
George Sylvester Viereck: Às vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal.
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S. Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.
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George Sylvester Viereck: Por quê?
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S. Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psiquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos [pulsões, corrijo a tradução] e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando o seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis antigos como Aquiles e Heitor.
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George Sylvester Viereck: Meu cachorro é um doberman Pinscher chamado Ajax.
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S. Freud: (Sorrindo) Fico contente que não possa ler. Ele certamente seria um membro menos querido da casa se pudesse latir sua opinião sobre os traumas psíquicos e o complexo de Édipo! (...)"
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(Entrevista de Sigmund Freud concedida ao jornalista George Sylvester Viereck, em 1926, republicada no volume Psychoanalysis and the Fut, edição especial do Journal of Psychology, Nova Iorque, 1957, divulgada na íntegra no site Antroposmoderno, com tradução de Paulo César Souza)
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Pensando em Ajax, Muralha, com sua lança comprida, pedras colossais, lembrei de Miguel, Torga, aquele que diante do espelho não sucumbiu: retornou, bravo, chorou sua humanidade e fez poesia.
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"Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso,
de ser assim como sou
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou".
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(Miguel Torga, trecho de "O Livro de Horas" in "O Outro Livro de Job", 1936)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Aurora

(Instantâneo de felicidade. Rio de Janeiro, 19.abr.10).
.
"A virtude do amor é a sua capacidade potencial de ser construído, inventado, modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido.
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece os seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor, e não podemos castrá-lo.
.
O amor não é orgânico.
Não é o meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz a sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita o seu silêncio e nos dá a sua música.
Nós dançamos a sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto".
.
(Paulinho Moska, "Vênus", no álbum "Eu Falso da Minha Vida o que eu Quiser", EMI, 2001)

Aurora

(Instantâneo de felicidade. Rio de Janeiro, 19.abr.10).
.
"A virtude do amor é a sua capacidade potencial de ser construído, inventado, modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido.
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece os seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor, e não podemos castrá-lo.
.
O amor não é orgânico.
Não é o meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz a sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita o seu silêncio e nos dá a sua música.
Nós dançamos a sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto".
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(Paulinho Moska, "Vênus", no álbum "Eu Falso da Minha Vida o que eu Quiser", EMI, 2001)

domingo, 18 de abril de 2010

Casa

(O abandono de ontem registrado por Milla Scramignon. Rio de Janeiro, 17.abr.10)

(Os lindos sonhos de Miguel Torga hoje. Em casa. Rio de Janeiro, 18.abr.10)

Casa

(O abandono de ontem registrado por Milla Scramignon. Rio de Janeiro, 17.abr.10)

(Os lindos sonhos de Miguel Torga hoje. Em casa. Rio de Janeiro, 18.abr.10)

domingo, 11 de abril de 2010

Arco

(Penélope... Cruz. Foto: Divulgação)
.
"Ânimo, pois, que o prêmio do certame está à vista. Eis aqui o arco do divino Ulisses. Aquele que, tomando-o nas mãos, o armar mais facilmente e fizer passar uma flecha através dos doze machados, a esse sigo".
.
("Odisséia" de Homero, Canto XXI)

Arco

(Penélope... Cruz. Foto: Divulgação)
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"Ânimo, pois, que o prêmio do certame está à vista. Eis aqui o arco do divino Ulisses. Aquele que, tomando-o nas mãos, o armar mais facilmente e fizer passar uma flecha através dos doze machados, a esse sigo".
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("Odisséia" de Homero, Canto XXI)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Trabalho

(Fotografia de Cora Rónai, Rio de Janeiro, 09.abr.10, via Twitter. "A paisagem sumiu...")
.
O Rio chora.

Trabalho

(Fotografia de Cora Rónai, Rio de Janeiro, 09.abr.10, via Twitter. "A paisagem sumiu...")
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O Rio chora.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Navegar é Preciso

(Navegando pelas ruas da Lagoa, Rio de Janeiro, em 06.abr.10. Portal de notícias Terra . Foto: Antônio Souza/AFP)
.
Abandonou o camiNHÃO e foi de pedalinho.
Acho justo.

Navegar é Preciso

(Navegando pelas ruas da Lagoa, Rio de Janeiro, em 06.abr.10. Portal de notícias Terra . Foto: Antônio Souza/AFP)
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Abandonou o camiNHÃO e foi de pedalinho.
Acho justo.