domingo, 28 de fevereiro de 2010

É

(Saques em supermeercado de Concepción, no Chile. Foto: reprodução de TV/AFP publicada no O Globo, 28.fev.10.)

(Foto: reprodução de TV/AFP)
.
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
.
(José Saramago, "Ensaio Sobre a Cegueira", São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 262)

É

(Saques em supermeercado de Concepción, no Chile. Foto: reprodução de TV/AFP publicada no O Globo, 28.fev.10.)

(Foto: reprodução de TV/AFP)
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"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
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(José Saramago, "Ensaio Sobre a Cegueira", São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 262)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Só o Fim

(Postais da exposição de Sophie Calle "Cuide de Você" que esteve em cartaz até o dia 21.fev.10 no MAM, Rio de Janeiro)

Sophie querida,

Fui lhe ver porque o convite era sedutor. Você dizia no release: "Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras: 'Cuide de você'. Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim".

(Fotografias da papagaia Brenda, da Primeira Bailarina da Ópera de Paris Marie-Agnès Gilliot, da delegada de polícia F.G., e da linguista, semióloga e medievalista Irène Rosier Catach, que fazem parte da exposição "Cuide de Você", de Sophie Calle)

Ao entrar no salão recebi uma cópia da carta de seu ex-namorado, e não sei quanto à papagaia Brenda, mas eu fiquei bastante constrangida com o que li...
.
Ao contrário do que possa imaginar, apesar da sutileza do convite, não fui ao MAM interpretar carta nenhuma: fui apenas lhe ver, como disse. E vi sua tristeza em cada ironia, sua dor em cada galhofa, sua revolta em cada uma das peças expostas naquele salão. E enquanto você perguntava se havia "covardia ou sublimidade" nas palavras dele, por sua obra tateei entre a sublimação e a expiação, e não encontrei resposta.
.
Mas não importa. Só fui lhe ver mesmo... E lhe dar um abraço. E dizer que a dureza do fim, por indizível que é, não pode ser analisada, entendida, interpretada, respondida. Com sorte pode ser chorada... e só.
.
E se encontrar alguém que faça isso por você, me avise. Tenho interesse e pago bem.

Só o Fim

(Postais da exposição de Sophie Calle "Cuide de Você" que esteve em cartaz até o dia 21.fev.10 no MAM, Rio de Janeiro)

Sophie querida,

Fui lhe ver porque o convite era sedutor. Você dizia no release: "Recebi uma carta de rompimento. E não soube respondê-la. Era como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as seguintes palavras: 'Cuide de você'. Levei essa recomendação ao pé da letra. Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim".

(Fotografias da papagaia Brenda, da Primeira Bailarina da Ópera de Paris Marie-Agnès Gilliot, da delegada de polícia F.G., e da linguista, semióloga e medievalista Irène Rosier Catach, que fazem parte da exposição "Cuide de Você", de Sophie Calle)

Ao entrar no salão recebi uma cópia da carta de seu ex-namorado, e não sei quanto à papagaia Brenda, mas eu fiquei bastante constrangida com o que li...
.
Ao contrário do que possa imaginar, apesar da sutileza do convite, não fui ao MAM interpretar carta nenhuma: fui apenas lhe ver, como disse. E vi sua tristeza em cada ironia, sua dor em cada galhofa, sua revolta em cada uma das peças expostas naquele salão. E enquanto você perguntava se havia "covardia ou sublimidade" nas palavras dele, por sua obra tateei entre a sublimação e a expiação, e não encontrei resposta.
.
Mas não importa. Só fui lhe ver mesmo... E lhe dar um abraço. E dizer que a dureza do fim, por indizível que é, não pode ser analisada, entendida, interpretada, respondida. Com sorte pode ser chorada... e só.
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E se encontrar alguém que faça isso por você, me avise. Tenho interesse e pago bem.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Não-Toda de Chico

(O coração do bloco "Mulheres de Chico"por Viagem Secreta, Rio de Janeiro, 2009)

Nada de TPM hoje: Mulheres, todas de Chico!!!

Não-Toda de Chico

(O coração do bloco "Mulheres de Chico"por Viagem Secreta, Rio de Janeiro, 2009)

Nada de TPM hoje: Mulheres, todas de Chico!!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

No Goats, No Glory

(Cartaz de "The Men Who Stare at Goats", de Grant Heslov, EUA, 2009)

Promise City, Área 51 são coisas do passado.
De hoje em diante, exército que não tem George Clooney e Kevin Spacey como soldados psíquicos não merece o meu respeito!

Vi o trailer e fiquei louca! Gargalhada garantida ou o seu pipocão de volta.

"Inspirada numa história real, secreta e tão inacreditável que precisava ser verdadeira". No cinema? Adoro.

No Goats, No Glory

(Cartaz de "The Men Who Stare at Goats", de Grant Heslov, EUA, 2009)

Promise City, Área 51 são coisas do passado.
De hoje em diante, exército que não tem George Clooney e Kevin Spacey como soldados psíquicos não merece o meu respeito!

Vi o trailer e fiquei louca! Gargalhada garantida ou o seu pipocão de volta.

"Inspirada numa história real, secreta e tão inacreditável que precisava ser verdadeira". No cinema? Adoro.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fantasia


Ao raiar do dia, Colombina descobriu que Arlequim já havia partido.
E Pierrot nunca estivera ali.
Despiu a fantasia e foi para casa.

Fantasia


Ao raiar do dia, Colombina descobriu que Arlequim já havia partido.
E Pierrot nunca estivera ali.
Despiu a fantasia e foi para casa.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu pago o Preço

E POESIA VENDE SIM! Eu sinto, respiro e pago o preço da poesia.
EU COMPRO!

Marlinha, um post só para você!
Estamos juntas!

Eu pago o Preço

E POESIA VENDE SIM! Eu sinto, respiro e pago o preço da poesia.
EU COMPRO!

Marlinha, um post só para você!
Estamos juntas!

Propofol

(A menina "C" articulando sobre o passado, Lisboa, 2007)

Sobrevivendo com a ajuda dos aparelhos de ar condicionado da cidade, na quentura de uma dessas já típicas noites carioquescas, desabafou com o amigo sobre o que ainda estaria por vir nesta semana de recauchutagem:

- Estou com medo da anestesia geral.
- Eu hein...
- "Eu hein" o quê? Coisa mais desagradável... você ali desacordada enquanto eles fazem e acontecem contigo...
- Mas essa é a melhor parte, ora...
- Pra quem? E as minhas questões com controle, ficam como?
- Tenta controlar o Propofol: "Não vou apagar, não vou apagar, não vou apagar".
- ...

Propofol

(A menina "C" articulando sobre o passado, Lisboa, 2007)

Sobrevivendo com a ajuda dos aparelhos de ar condicionado da cidade, na quentura de uma dessas já típicas noites carioquescas, desabafou com o amigo sobre o que ainda estaria por vir nesta semana de recauchutagem:

- Estou com medo da anestesia geral.
- Eu hein...
- "Eu hein" o quê? Coisa mais desagradável... você ali desacordada enquanto eles fazem e acontecem contigo...
- Mas essa é a melhor parte, ora...
- Pra quem? E as minhas questões com controle, ficam como?
- Tenta controlar o Propofol: "Não vou apagar, não vou apagar, não vou apagar".
- ...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sonho


Em meio a uma séria discussão com a melhor amiga, que certamente tinha razão nas coisas que dizia, ela sentiu os braços queridos daquele belo rapaz cobrindo o seu corpo naquela quente manhã de janeiro. E despertou.
.
Os olhos permaneceram fechados enquanto se virava em busca de um abraço e, mesmo após ter encontrado refúgio na penumbra de seu colo junto ao travesseiro, não quis acordar.
.
Abrindo caminho pelo cabelo desarrumado, ele mergulhou no cheiro de sua pele feliz e, sorrindo, sussurrou "tive um sonho tão estranho..."
.
"Não me conte", pensou ela ao abrir os olhos, "mas o que foi?", perguntou.
.
"Sonhei que havia uma jóia muito cara numa vitrine e eu queria pegá-la, mas não conseguia porque havia um sistema de alarme e muitas pessoas por perto... Estranho, não?"
.
Em uma fração de segundos lembrou-se de todas as festas que entrou sem ser convidada, dos edifícios antigos que nunca pôde acessar, das louças caras e intocáveis daquela linda mansão do passado. E sorriu.
.
"Estranho não... é só um sonho", falou baixinho, e, temendo que acabasse, tratou de levantar correndo para preparar o café e voltar rapidinho à cama, de onde não sairia tão cedo.

Sonho


Em meio a uma séria discussão com a melhor amiga, que certamente tinha razão nas coisas que dizia, ela sentiu os braços queridos daquele belo rapaz cobrindo o seu corpo naquela quente manhã de janeiro. E despertou.
.
Os olhos permaneceram fechados enquanto se virava em busca de um abraço e, mesmo após ter encontrado refúgio na penumbra de seu colo junto ao travesseiro, não quis acordar.
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Abrindo caminho pelo cabelo desarrumado, ele mergulhou no cheiro de sua pele feliz e, sorrindo, sussurrou "tive um sonho tão estranho..."
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"Não me conte", pensou ela ao abrir os olhos, "mas o que foi?", perguntou.
.
"Sonhei que havia uma jóia muito cara numa vitrine e eu queria pegá-la, mas não conseguia porque havia um sistema de alarme e muitas pessoas por perto... Estranho, não?"
.
Em uma fração de segundos lembrou-se de todas as festas que entrou sem ser convidada, dos edifícios antigos que nunca pôde acessar, das louças caras e intocáveis daquela linda mansão do passado. E sorriu.
.
"Estranho não... é só um sonho", falou baixinho, e, temendo que acabasse, tratou de levantar correndo para preparar o café e voltar rapidinho à cama, de onde não sairia tão cedo.