quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Promessa

("She's readin," por Pethack, República Checa, 2008)

Saramago, por sua vez, me contou que a escrita "provém de um princípio básico segundo o qual todo o dito se destina a ser ouvido".

"A gente vai falando para passar o tempo, ou para não deixar que ele passe, é um modo de pôr-lhe a mão no peito e dizer, ou suplicar, Não andes, não te movas, se dás esse passo pisas-me, que mal é que eu te fiz. É também como baixar-me, pôr a mão na terra e dizer-lhe, Pára, não gires, ainda quero ver o sol".

(José Saramago in "Cadernos de Lanzarote", 1997, p. 223, e "Levantado do chão", 1980, p. 166-167)

Por essas e outras é que hoje, dia 18 de agosto de 2010, estou por aqui celebrando a vida e a obra deste homem que me ensinou a falar por desvendar quem dizia, me ensinou a escutar por descobrir quem ouvia, me ensinou a tocar por amar demais, e que segue inspirando meus passos a cada novo amanhecer.

"O universo do escritor só aparecerá em toda a sua profundidade no exame, na admiração, na indignação do leitor; e o amor generoso é promessa de manter, e a indignação generosa é promessa de mudar e a admiração é promessa de imitar".

(Jean-Paul Sartre in "Que é a literatura?", São Paulo: Ática, 2004, p. 51)

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