domingo, 28 de setembro de 2008

A Falta

Hoje tive um encontro belíssimo.
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Fui à Casa França-Brasil assistir o espetáculo - e que espetáculo - "A Falta que nos Move", encenada pela Cia. Vértice de Teatro, e saí de lá completamente extasiada. Encantada. Apaixonada. Dolorida. Revirada. Acarinhada. Acolhida. Arrebatada. Repleta. Repleta de vida!
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No convite, a pergunta: "Qual é a falta que nos move? Que ausência é essa que nos impulsiona à ação? Mobiliza nosso desejo e nos leva a formular perguntas? Provavelmente não existe uma única resposta. Cada um, em cada tempo encontra ou busca respostas. Nesta experimentação teatral a resposta aparece no instante, no momento presente da ação, no que está 'entre', no que se entrevê, na ponte que se estabelece no diálogo, nas relações, no movimento, nas histórias que contamos e contam para nós, nas histórias que nos formam, na memória, na tênue divisão entre verdade e mentira, ou pontos de vista, entre o que é real e o que é ficcional, entre o que é a pessoa e a pessoa que os outros vêem em nós, será isso um personagem? Nós nos deixamos levar pela vontade de cruzar fronteiras, e estamos tentando olhar pelos buracos das nossas fechaduras, sem saber se o que veremos é inventado pelo nosso desejo ou é a realidade que se projeta em nós. Como em um jogo, iniciamos a partida e deixamos ela nos contagiar". (Christiane Jatahy, diretora e dramaturga)
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Os atores/personagens - lindos, lindos, lindos - preparam um jantar enquanto aguardam a chegada de um sexto elemento do grupo, que não se sabe quem é, quando chegará ou mesmo se virá. Eles bebem e preparam um jantar enquanto esperam. A história se desenrola em meio à espera. Não fica claro se estão representando ou improvisando em cena, já que os sentimentos explorados pelos atores - sua revelação ou não ao público - é o núcleo do conceito da peça. São homens, mulheres, que sofrem, se alegram, se entediam, se perdem, se encontram, se rebelam, se amam, se escondem, se revelam, e escolhem a cada novo instante como encarar suas esperas e despedidas. Escolhem a todo momento como querem viver neste instante.

"Somos muitos. Somos poucos. Somos encontros e esbarrões. Retas que convergem. Relações. Somos pares. Parcerias. Fronteiras. Singularidades diluídas. Carne. Febre. Somos incógnitos. Somos anônimos.Empilhados. Em dobras. Partidos. Incompletos. Contínuos. Afirmativos. Sem medida. Perceptivos. Sentimos a falta e ela nos move". (Christiane Jatahy)

Foi um espetáculo de entrega. Uma linda experiência de vida. Valeu cada minuto com cada um deles... mas a redenção, a explosão de Kiko Mascarenhas ao som de Jokerman (Bob Dylan), na versão de Caetano, foi uma das coisas mais lindas que já vi em minha vida! Um momento para guardar na memória para sempre.

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