terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sobre o não saber


Uma peça de Tchekhov, um bom cabernet sauvignon e alguma conversa fiada pelas bordas da noite. Essa era a idéia. Mal sabia ele que qualquer plano começando por Tchekhov não poderia dar muito certo com ela.

Ultrapassada a primeira metade da garrafa, perguntou ele sobre o amor e isso a fez lembrar de um antigo namorado que, depois de muitos anos, voltou só para dizer que, de fato, a havia amado.

- O que dizer de uma coisa dessas? ... Eu não disse nada.
- "Você me odiou naquela época?", ele me perguntou.
- Não.
- ...
- "Nunca teve vontade de me matar???"
- Nunca.
- ...
- "Então você não me amou". 

Silêncio na mesa.

Ela levou a taça até os lábios, bebeu um pouco mais do vinho.

- Depois, houve um homem que eu não quis amar. Com ele foi diferente. Acho que não saberia explicar o que aconteceu. Sempre muito intenso, tudo muito grave. Não sei ao certo como terminou. Ele volta todos os dias para se despedir. Tenho medo de morrer quando estou longe. Quando estou perto não sei. Acho que é isso.

2 comentários:

placco araujo disse...

Ele volta toda noite pará se despedir...

Cheguei até aqui, pelas pegadas suas deixadas na página da Marla, e gostei de duas coisas.... do seu texto e desta carinha linda que vem emoldurando seus comentários...

Volto mais tarde para ler mais.
E para me garantir que não me perderei, já peguei um monte de pedrinhas para marcar o meu caminho de volta...

Um abraço..

Edson

Isabela Dantas disse...

Obrigada pela leitura e pelo carinho, Edson. Volte sempre!

Um abraço.