terça-feira, 28 de setembro de 2010

Callas

(Maria Callas em Casta Diva na montagem de Norma, Vincenzo Bellini, Paris, 1955)

O seminário ainda não havia chegado ao final. Alguns, comprometidos com a hora, precisavam ir. Sugeriram que continuássemos no próximo encontro. Ela, então, disse - "falta tão pouco...", mas não havia como. Eles não podiam ficar. 
Eu? Podia.

"A voz da diva cria a possibilidade de uma relação direta com o grande Outro, sem derivação, sem lugar tenente. O gozo que se tem com a voz da diva - agudos e superagudos - faz com que nesse momento não se saiba mais se é a diva ou o divino que canta. Essa voz da diva é sem porquê, pois não é o Outro a sua causa. Nesse momento, o humano se torna Outro, esse Outro que não vem a nós porque recalcamos o significante da alteridade, da diferença. E aqui o autor [Alain Didier-Weill] se faz uma pergunta radical: 'Se não há Outro, uma vez que o sujeito o recusou, por que há Outro?' E responde - 'Essa questão não poderemos responder. É sem porquê'. (...) A voz da diva é um Real não traumático".

(Trecho da dissertação de mestrado de Lia Amorim "Criminosos sob Coação Irresistível (do Supereu) - Uma Contribuição da Psicanálise à Criminologia, Programa de Pós-graduação em Psicanálise, Instituto de Psicolocia da UERJ, 2002)

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