quinta-feira, 18 de março de 2010

Mexer dá n-isso!

("Rachadura" por Gilberto Junqueira, web designer, Curitiba, 2003)
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Do alto do carro de som, o ato urgente, falho, manifesto do inconsciente, a subversão da sentença que revela o desejo do sujeito. Mexer com o Rio. Mas o Rio não foi mexido? Ainda não. Mexido foi o homem que agora conclama o Outro a se mexer por ele: "Mexeu comigo, mexeu com o Rio", escapuliu. Ops... Saí de fininho no meio da chuva.
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Segui aos estudos naquela noite, frustrada que só, mas foi com Lacan, no finalzinho do texto sobre a agressividade, que encontrei o alento. Reencontrei a mim perdendo novamente. E reiniciei a busca. Desejo. Puro desejo...
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"No homem 'liberado' da sociedade moderna, eis que esse despedaçamento revela, até o fundo do ser, sua pavorosa fissura. É a neurose de autopunição, com os sintomas histérico-hipocondríacos de suas inibições funcionais, com as formas psicastênicas de suas desrealizações do outro e do mundo, com suas sequências sociais de fracasso e crime. É essa vítima comovente, evadida de alhures, inocente, que rompe com o exílio que condena o homem moderno à mais assustadora galé social, que acolhemos quando ela vem a nós; é para esse ser de nada que nossa tarefa cotidiana consiste em reabrir o caminho de seu sentido, numa fraternidade discreta em relação à qual sempre somos por demais desiguais".
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(Jacques Lacan, "A Agressividade em Psicanálise", Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 126)

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