terça-feira, 3 de novembro de 2009

Impossível


"O Imaginário é precisamente definido por sua coalescência (sua cola), ou ainda seu poder de manchar: nada da imagem pode ser esquecido; uma memória extenuante impede de se sair à vontade do amor, enfim de morar nele comportadamente, razoavelmente. Posso até imaginar alguns procedimentos para obter a circunscrição dos meus prazeres (converter a raridade da freqüência no luxo da relação, à moda epicuriana; ou ainda, considerar o outro como perdido, e a partir de então saborear, cada vez que ele volta, o alívio de uma ressurreição), é trabalho jogado fora: o grude amoroso é indissolúvel; ou se agüenta ou se sai: dar um jeito é impossível (o amor não é nem dialético nem reformista)".
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(Roland Barthes, "Fragmentos de um Discurso Amoroso", Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995, p. 45)

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