sexta-feira, 3 de abril de 2009

Do Efêmero

("Le Baiser" de Auguste Rodin, 1886, Musée Rodin, Paris. Obra inspirada no drama dos personagens Paolo e Francesca narrado no Canto V do Inferno de Dante)

“O valor do efêmero é um valor de raridade no tempo. A limitação na possibilidade de gozo aumenta sua apreciação. Qualifiquei de incompreensível que o pensamento da efemeridade do belo pudesse empanar o regozijo que nos traz. Quanto à beleza da natureza, ela retorna no ano seguinte, após cada destruição no inverno, e esse retorno poderia ser designado, em relação a nossa duração da vida, como eterno. A beleza do corpo e do rosto humano, nós a vemos desaparecer para sempre em nossa própria vida, mas a brevidade lhe acrescenta um novo encanto. Se há uma flor que só desabrocha numa única noite, nem por isso seu florescer nos parece menos esplendoroso”.

(Artigo “Do efêmero”, Sigmund Freud, 1915, Trad. Eduardo Vidal)

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