segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Da nova série “No Divã de Sabão”

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Episódio de hoje:
“O Fálico-Narcisista e os Satélites do Mal”
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Muito puto da sua vida, o amigo liga e diz:

- Alô. Tá ocupada, filha? Posso falar contigo...?
- Claro... Diz aí. Está tudo bem?!
- Não. Tô péssimo... Não agüento mais. O namoro está uma merda...
- Xi... - Entre uma jurisprudência e outra, nem pensei duas vezes: abandonei o STJ e puxei a cadeira imaginária.

- Olha só, vê se eu não tenho razão. Eu só tenho três programas "religiosos" durante a semana: o tênis na segunda, a corrida na quarta e o choppinho sagrado na sexta. O resto do tempo eu tenho todo livre para ficar com ela. Eu não me importo que ela tenha os seus programas também, claro que não, mas novela na hora do meu jantar, não dá. Eu quero conversar e ela me manda ficar quieto, diz que só na hora do comercial. E ainda reclama que eu sou egoísta, imagine só... Resolve falar no telefone justo na hora do meu jornal e não está nem aí se eu quero silêncio. Gasta com futilidades e quando eu peço explicações diz que não é da minha conta. Ela está cada vez mais agressiva e não percebe que está me afastando assim...

- Sei... – Na impossibilidade de falar qualquer coisa diferente disso naquele momento-desabafo...

- Sabe, andei pensando... Acho que as pessoas são como planetas com vários satélites em volta. Uns “do bem” e outros “do mal”, digamos assim. Os satélites do bem produzem uma força de atração entre os planetas. Os satélites do mal repelem uns aos outros e fazem com que os planetas se afastem. Se para aqueles dois planetas há mais satélites bons do que ruins, eles vão se manter próximos, unidos. Se, ao contrário, os satélites maus estiverem em maior quantidade, os planetas vão começar a se afastar, podendo se perder um do outro para sempre. A minha namorada tem muitas virtudes, sem dúvida, a amo muito, mas se os seus defeitos continuarem se expandindo desta forma no relacionamento, acho que vamos acabar terminando...

- E o que pretende fazer em relação a isso? – Perguntei.

- Como assim? Nada!!! Como posso fazer com que ela mude o seu...

- Pára, fio, pára tudo! - Interrompi - Você não está vendo que está falando de você aí, não??!

- Hãn???

- Você também tem “satélites” bons e ruins, ou não...?!

Silêncio.

- Já parou para pensar que talvez os seus “satélites do mal” estejam igualmente insuportáveis para ela...?

O amigo antes puto, agora refletia - confuso - sobre a possibilidade.

- Eu estou aqui escutando você falar que cobra, cobra, cobra, exige, exige, exige. Que saco isso, hein?! Como se ela tivesse que lhe dar respostas o tempo todo para poder continuar orbitando em torno de você, é isso mesmo?! Sei não, mas fico aqui pensando se essa novela, o telefone, o “escambau”, já não são as formas que ela JÁ encontrou de tocar o “planetinha” dela daí...

- CACETE! - Ele pulou - Será?!!

- Sei não... Pensa bem... Se você quer mesmo a companhia dela, porque não experimenta ao invés de cobrar e exigir, fazer um pouquinho a sua parte? Tenta ficar junto dela na hora da novela, por exemplo, para ver o que acontece... Amanhã, quem sabe, ela desliga a televisão e vem jantar contigo para bater papo...

Ele pensou um pouquinho e, inconsolável, respondeu:

- Porra, amiga, novela é FODA.

- E quem te disse que a vida é fácil, meu amigo, quem te disse?

2 comentários:

Gisella disse...

Parabéns pelo texto !!!
A-D-O-R-E-I !!!
Com certeza, o texto embora não tenha sido para mim, daqui para frente vai me ajudar bastante a refletir sobre vários pontos do cotidiano, assim como a qualquer pessoa que tiver a honra de ler também.
Obrigada !!!
Beijos
Gisella.

Isabela Dantas disse...

Gi querida!

Que bom que você gostou! Obrigada por todo o seu carinho!
Fico MUITO feliz em saber que estou colaborando para suas reflexões! E aguarde, porque a série "No Divã de Sabão" está apenas estreando nesse blog!
Muitos beijos!