terça-feira, 2 de setembro de 2008

Um Bravo

Eu preciso dizer que estou esperando ansiosamente a estréia do filme Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness), do Fernando Meirelles, no dia 12 de setembro?
Não, né?! Não preciso dizer isso. Não preciso mesmo. Vocês já perceberam.

Pois é.

Estou eu lá no vôo da TAM voltando de Foz para o Rio e, enquanto rabiscava umas idéias no papel – como me rendeu coisas boas esse vôo –, olho de relance para o bolso da poltrona da frente e vejo a foto do próprio Fernando Meirelles na capa da revista da TAM, com o título “Rodando pelo mundo, o diretor de Ensaio Sobre a Cegueira abre caminhos para o cinema nacional”.

Nem pensei duas vezes. Saquei a revista da poltrona, fui direto à página 116, e me deparei com o seguinte título: “Fernando Meirelles, Ensaio Sobre um Viajante Fiel”.

[Muito bom isso...]

Em poucos minutos já havia terminado a leitura da matéria e fiquei lá "viajando"... absolutamente encantada com a simplicidade, a humanidade e a genialidade deste homem que escolheu, da obra de Saramago, o mais intenso dos livros, o mais perturbador, o mais fascinante, e belo - um dos livros da minha vida - para dar forma e movimento.

Quem é esse homem? Olha isso:

“(...) Escolhido como filme de abertura do último festival de Cannes, Blindness (título em inglês) dividiu a crítica internacional. A revista Variety decretou: ‘O filme que não deveria ser feito’. No entanto, Saramago, que já se havia recusado a vender os direitos da adaptação a Meirelles há dez anos, aprovou. Vazou no You Tube o momento em que revela, após assistir o filme em uma sessão privada em Lisboa, estar tão feliz quanto quando escreveu o livro.
Elogios como esse parecem desconcertar Meirelles. Ele diz não suportar a expectativa que as pessoas têm sobre seu trabalho. ‘Parece mais uma ameaça quando alguém diz: ‘Estou esperando muito seu filme, imagino que maravilha deve ser’.’ Também odeia cerimônias de premiação, mesmo com Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel somando oito indicações para o Oscar. ‘Sempre que isso acontece, eu fico torcendo para não ganhar. Se ganhar, terei que subir lá e falar. É a pior situação que existe.’
Essas pequenas inseguranças não combinam muito com a imagem do cineasta, que parece ter sua carreira sob controle".

[Hein?!! Esse jornalista bebeu??? Tá louco??? Quer dizer então que um cineasta que tem "sua carreira sob controle" não pode ter medo?! Eu hein... Pelo visto, quem vai ficar escrevendo na revista da TAM por muito tempo ainda é ele...]

"(...) ‘Luto para não ser workaholic, mas trabalho bastante porque gosto. Esse é o meu problema [atenção!]: eu fico entusiasmado.’
O que não o deixa nem um pouco animado é a idéia de trabalhar para um grande estúdio. Convites não faltam. Entre as produções para as quais deu as costas está Cassino Royale (2006), primeiro James Bond com Daniel Craig no papel do espião. ‘Quanto mais dinheiro envolvido, mais o produtor tem que garantir que vai dar retorno, mais você precisa fazer a história abrangente, mais será necessário usar clichês. Não sei trabalhar assim’, dá de ombros.
Sua próxima incursão no cinema, com filmagens marcadas para o fim de 2009, foge um pouco das histórias com engajamento social que marcam a sua carreira. Trata-se de uma comédia romântica, que Meirelles quer chamar de Vinte e Poucos, baseada em Trabalhos de Amor Perdidos, adaptação de Jorge Furtado (O Homem que Copiava), sobre a peça homônima de Shakespeare.
E o Intolerância 2, projeto passado em cinco continentes, que ele anuncia desde que lançou Cidade de Deus? ‘Está totalmente na prateleira. Uns produtores franceses me convidaram para algo parecido, então posso até fazer um bem bolado’, revela. Depois confessa: ‘Na verdade, parei porque deu preguiça. Tem que viajar tanto. Penso nesse filme e já vejo as mil e poucas horas de vôo”.

Brilhante! Acho que o livro escolheu o diretor certo para levá-lo às telas...

Parabéns pela sua coragem, pela sua bravura, Meirelles! Parabéns!
Dia doze estarei lá... desarmada... esperando apenas não desapontá-lo durante a exibição de seu filme... Fazendo o silêncio necessário, mantendo toda a atenção devida, e desejando muitíssimo apenas conhecer essa linda história que quer nos contar.

Fonte: Revista TAM, nº 08, agosto 2008, matéria de capa Fernando Meirelles, Ensaio Sobre um Viajante Fiel, por Alex Xavier.

4 comentários:

Anônimo disse...

Querida Isabela, agora eu descobri porque Cassino Royale é o pior James Bond já feito. Se tivessem conseguido o Meireles, eu tenho certeza que Bond primeiro passaria a noite com a inesquecível Caterina Murino para depois salvar o mundo livre (!!) - nesta ordem. Eu adorei Cidade de Deus, obra-prima, mas não gostei do Jardineiro Fiel. Desta vez eu creio que ele foi além de Cidade de Deus - já é um feito magnífico filmar Saramago! Porém, seu texto mais uma vez me intrigou. Ir "desarmada" para o cinema? Mas para onde você vai armada aí no Rio??? Intrigante essa arma! Um grande beijo, Ferrari.

Isabela Dantas disse...

AHAHAHAHAHAHAHA...
Me referia ao comentário de Meirelles quando diz se sentir ameaçado pelas pessoas que criam uma grande expectativa sobre o seu trabalho...
Pensei em como as pessoas, de fato, fantasiam coisas e ao conhecerem a realidade acabam se frustrando... e machucam os outros...
Ao que parece, é disso que ele tem medo, e foi exatamente o que fiz a minha vida toda... e já não desejo mais para mim...
A minha "arma" já era! Estou desarmada no cinema, porque, na verdade, já não ando armada...
Agora me diga: por que meus textos lhe intrigam?!
Um grande beijo!

Juliana Pestana disse...

Belinha, adorei!! Sua montagem dos textos ficou otima.
Tbm estou ansiosa pra essa estreia. Programa pro proximo findi! ;-)

Bjokas.

Isabela Dantas disse...

Vamos na sexta?!!!
Vou te ligar!!!
Beijão, amore...