sábado, 13 de setembro de 2008

A Arte de Ser







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Paulo Pasta, Sem Título , 2005, óleo sobre tela 220 x 190 cm, Reprodução fotográfica autoria desconhecida
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Este final de semana voltei ao Centro Cultural do Banco do Brasil para rever Paulo Pasta, para rever Clarice Lispector. Quem me conhece sabe que quando gosto muito - não importa o que digam os outros - repito, repito, de novo e de novo. Ouço a mesma música dez vezes, uso os mesmos brincos há anos, leio e releio o mesmo livro, de inúmeras formas diferentes.

E desta vez não poderia ser diferente.

As exposições de Paulo Pasta e Clarice Lispector, apesar de serem absolutamente distintas, diferentes, estranhas uma a outra, falam de uma verdade que é a mesma. Nos convidam a um mergulho daqueles de perder o fôlego. Vale à pena conferir...

"Colocar-se presente e na tela de Paulo Pasta, aceitar o tempo demorado necessário à sua percepção, compactuar com sua visibilidade duvidosa por trás da cor intensa, significa estabelecer justamente uma vontade de comer, referendar um campo de discurso em que uma troca seja possível. Estabelecer em valor, enfim, assim que seja, tautologicamente, o valor de se ter um valor. Parece que afinal, mesmo que nada mais possa ser dito, saibamos do que estamos".
(Lorenzo Mammi in Paulo Pasta. São Paulo: Cosac Naify, 2006)
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"Para essa pintura, a história não é aquilo que nos livra do presente, acenando com promessas de uma vida melhor. Ela é a potencialização de nossas circunstâncias. O presente não é entrave. Na sua espessura - desde que saiba vê-la - residem as nossas possibilidades, e não as nossas limitações. Para Paulo Pasta, a arte continua a ser um fazer diferenciado e positivo. No entanto, por ora cessam as utopias, as formas fortes. O presente ensina mais do que as antecipações do futuro".
(Rodrigo Neves in Paulo Pasta. São Paulo: EDUSP, 1997)


"Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro". (Clarice Lispector)

"Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei. Pergunte, sem querer a resposta, como estou perguntando. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo o entendimento." (Clarice Lispector)

Centro Cultural do Banco do Brasil
Paulo Pasta, 12 de agosto a 21 de setembro de 2008.
Clarice Lispector, Exposição "A Hora da Estrela", 19 de agosto a 28 de setembro de 2008.

2 comentários:

Juliana Pestana disse...

Ah, eu fui...
Eu fui, eu fui, eu fui!!

Foi lindo ir e vê-la. Apesar de curta, achei a exposição uma graça de sutileza deliciosa.

Bjos mtos.

Isabela Dantas disse...

Minha linda,

Não é uma delícia aquela exposição?! É uma delícia!!!
Vamos ficar ligadas nos próximos eventos!

Muitos beijos, querida!