quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O Mistério Providencial

No ano do centenário de morte do iluminado Machado de Assis – para falar o menos – o Portal Migalhas e a editora Lettera.doc anunciaram a publicação de um livro intitulado "Doutor Machado - o Direito na obra de Machado de Assis", que como o próprio nome anuncia, aborda a influência do Direito na imprescindível obra deste gênio Imortal.

Apesar da brilhante iniciativa dos autores – uma vez que o fomento à leitura “Machadiana” deve ser sempre reconhecido e exaltado –, confesso que o assunto não me interessou muito. E explico o porquê. Antes que comecem a questionar o comentário inusitado – já que vindo de uma advogada –, devo lhes dizer que, a meu ver, a riqueza da construção literária de Machado de Assis vai MUITO além da simples catalogação dos personagens de sua obra que transitaram pelo universo do Direito, ou das passagens em que utilizou jargões jurídicos para construir figuras de linguagem... Na verdade, o que mais me fascina na obra de Machado de Assis é o seu olhar profundo e libertador sobre o homem, sobre os desejos e contradições de sua alma, que foram tão bem explorados e revelados por ele.

Pois bem.

Em algum dia desta semana recebi um e-mail com o informativo jurídico do Portal Migalhas trazendo uma citação de Machado de Assis – o que vem ocorrendo diariamente para divulgação do tal livro comemorativo, e, devo confessar, tem me proporcionado muito mais prazer na leitura dos boletins:

"O mistério é que lhe dá algum valor; visto de mais perto há de ser vulgar ou hediondo”.

Pensei comigo: ainda que possamos apostar na concepção desta frase a partir da peculiar compreensão do mestre sobre o universo jurídico... fico mesmo com a interpretação lato sensu. Ou em outras palavras:

“De perto, ninguém é normal”.

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