sábado, 16 de janeiro de 2010

Sobre o saber

("Caranguejeiras" por Maureeen Bisilliat, Pernambuco, 1968)
.
Aquele rio
era como um cão sem plumas
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água do cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos polvos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

("O Cão sem Plumas", João Cabral de Melo Neto, 1950)

Sobre o saber

("Caranguejeiras" por Maureeen Bisilliat, Pernambuco, 1968)
.
Aquele rio
era como um cão sem plumas
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água do cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos polvos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

("O Cão sem Plumas", João Cabral de Melo Neto, 1950)