sábado, 31 de outubro de 2009

Mordida

(Fotografia de Mark Duffy, Paris, 2009)

"A senhora olhou para ele e baixou os olhos.
- Não morde - disse ela e corou."

(A. P. Tchekhov, "A Dama do Cachorrinho" in "A Dama do Cachorinho e Outros Contos". São Paulo: Editora 34, 2009, p. 316)

Mordida

(Fotografia de Mark Duffy, Paris, 2009)

"A senhora olhou para ele e baixou os olhos.
- Não morde - disse ela e corou."

(A. P. Tchekhov, "A Dama do Cachorrinho" in "A Dama do Cachorinho e Outros Contos". São Paulo: Editora 34, 2009, p. 316)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais além

.
Era tanta saudade, é pra matar
Eu fiquei até doente, eu fiquei até doente menina
Se eu não mato a saudade, é deixa estar
Saudade mata a gente, saudade mata a gente menina
Quis saber o que é o desejo, de onde ele vem
Fui até o centro da Terra e é mais além
Procurei uma saída e o amor não tem
Estava ficando louco, louco de querer bem
.
(Trecho de "Tanta Saudade", Chico Buarque e Djavan)

Mais além

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Era tanta saudade, é pra matar
Eu fiquei até doente, eu fiquei até doente menina
Se eu não mato a saudade, é deixa estar
Saudade mata a gente, saudade mata a gente menina
Quis saber o que é o desejo, de onde ele vem
Fui até o centro da Terra e é mais além
Procurei uma saída e o amor não tem
Estava ficando louco, louco de querer bem
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(Trecho de "Tanta Saudade", Chico Buarque e Djavan)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Indulgência

(Martha Freud, Sigmund Freud e Minna Bernays, Altaussee, Áustria, 1905. Fotografia de T.Maresch Nachlass in The Freud Museum London)
.
"Posso apenas manifestar a esperança de que os leitores deste livro se coloquem em minha difícil posição e me tratem com indulgência, e, além disso, que qualquer um que encontre alguma espécie de referência a si próprio em meus sonhos se disponha a conceder-me o direito à liberdade de pensamento - ao menos em minha vida onírica, se não em qualquer outra".
.
(Sigmund Freud, trecho do prefácio à primeira edição de "A Interpretação dos Sonhos" (1900), Rio de Janeiro: Imago, 2001, p. 12)

Indulgência

(Martha Freud, Sigmund Freud e Minna Bernays, Altaussee, Áustria, 1905. Fotografia de T.Maresch Nachlass in The Freud Museum London)
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"Posso apenas manifestar a esperança de que os leitores deste livro se coloquem em minha difícil posição e me tratem com indulgência, e, além disso, que qualquer um que encontre alguma espécie de referência a si próprio em meus sonhos se disponha a conceder-me o direito à liberdade de pensamento - ao menos em minha vida onírica, se não em qualquer outra".
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(Sigmund Freud, trecho do prefácio à primeira edição de "A Interpretação dos Sonhos" (1900), Rio de Janeiro: Imago, 2001, p. 12)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Natureza

(Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe em "Antichrist", de Lars von Trier, DIN-FRA-ALE-ITA-POL-SUÉ/2009).
"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva".
.
(Trecho do novo livro de José Saramago, "Caim", com lançamento mundial hoje - no Brasil pela Companhia das Letras -, publicado em 16.out.09 na edição online da Revista Época)

Natureza

(Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe em "Antichrist", de Lars von Trier, DIN-FRA-ALE-ITA-POL-SUÉ/2009).
"Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva".
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(Trecho do novo livro de José Saramago, "Caim", com lançamento mundial hoje - no Brasil pela Companhia das Letras -, publicado em 16.out.09 na edição online da Revista Época)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Flecha do Tempo

(Imagem no site La Flecha del Tiempo, de Diego Goldberg, Argentina, 2009)
.
#1 Um grande amigo esteve ontem no The Freud Museum, em Londres, disse que se lembrou de mim e comprou um presente de aniversário para me dar. Sorri.
.
#2 Hoje, relendo a introdução ao Seminário da Transferência, de Lacan, observei que aquela primeira reunião aconteceu no dia 16 de novembro de 1960. "No Começo Era o Amor"... E eu ainda não descobri o que vem depois.
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#3 Buscando uma boa imagem de Gradiva para ilustrar o post de hoje, me deparei com Suzy Goldberg. Ao seu lado, Diego. E ele disse: "El 17 de junio, cada año, la familia pasa por un ritual privado: nos fotografíamos para detener, por um momento evanescente, la flecha del tiempo que por allí pasa". O começo foi em 1976. Suzy sorriu em 1988. E a tal flecha nunca parou, nem por um instante. Zoe vive.

A Flecha do Tempo

(Imagem no site La Flecha del Tiempo, de Diego Goldberg, Argentina, 2009)
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#1 Um grande amigo esteve ontem no The Freud Museum, em Londres, disse que se lembrou de mim e comprou um presente de aniversário para me dar. Sorri.
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#2 Hoje, relendo a introdução ao Seminário da Transferência, de Lacan, observei que aquela primeira reunião aconteceu no dia 16 de novembro de 1960. "No Começo Era o Amor"... E eu ainda não descobri o que vem depois.
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#3 Buscando uma boa imagem de Gradiva para ilustrar o post de hoje, me deparei com Suzy Goldberg. Ao seu lado, Diego. E ele disse: "El 17 de junio, cada año, la familia pasa por un ritual privado: nos fotografíamos para detener, por um momento evanescente, la flecha del tiempo que por allí pasa". O começo foi em 1976. Suzy sorriu em 1988. E a tal flecha nunca parou, nem por um instante. Zoe vive.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Espera

(Fotografia de Hugo Dantas. Aeroporto Santos Dumont agora há pouco.)

"Espero uma chegada, uma volta, um sinal prometido. Pode ser fútil ou imensamente patético: em Erwartung (Espera), uma mulher espera seu amante, de noite, na floresta"...
.
(Roland Barthes, "Fragmentos de um Discurso Amoroso", Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995, p. 94)
.
... quanto a mim, só espero um vôo para Congonhas, mas é a mesma angústia. Só há vôos para Curitiba. E Londrina. Tudo é solene. Tudo é solene...

A Espera

(Fotografia de Hugo Dantas. Aeroporto Santos Dumont agora há pouco.)

"Espero uma chegada, uma volta, um sinal prometido. Pode ser fútil ou imensamente patético: em Erwartung (Espera), uma mulher espera seu amante, de noite, na floresta"...
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(Roland Barthes, "Fragmentos de um Discurso Amoroso", Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995, p. 94)
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... quanto a mim, só espero um vôo para Congonhas, mas é a mesma angústia. Só há vôos para Curitiba. E Londrina. Tudo é solene. Tudo é solene...

sábado, 3 de outubro de 2009

Viver a Paixão

("Unity Celebration", Rio Olímpico 2016. Vídeo institucional apresentado ao Comitê Olímpico Internacional em 02.out.09. Filme de Fernando Meirelles, O2 Filmes)

Viver a paixão faz nascer o sonho. E a possibilidade do futuro se tornar realidade. Quando, só então, alguém poderá dizer: se morresse agora, eu morreria feliz.

"Comecei a lembrar da minha vida, comecei a lembrar das coisas que pareciam impossíveis, comecei a lembrar da apresentação do Rio. Deu vontade de chorar".

(Lula em Copenhague, hoje pela manhã, ao repórter do O Globo Luiz Ernesto Magalhães)

Viver a Paixão

("Unity Celebration", Rio Olímpico 2016. Vídeo institucional apresentado ao Comitê Olímpico Internacional em 02.out.09. Filme de Fernando Meirelles, O2 Filmes)

Viver a paixão faz nascer o sonho. E a possibilidade do futuro se tornar realidade. Quando, só então, alguém poderá dizer: se morresse agora, eu morreria feliz.

"Comecei a lembrar da minha vida, comecei a lembrar das coisas que pareciam impossíveis, comecei a lembrar da apresentação do Rio. Deu vontade de chorar".

(Lula em Copenhague, hoje pela manhã, ao repórter do O Globo Luiz Ernesto Magalhães)